Nasceu em Luanda, fugiu da guerra civil e chegou à África do Sul, viveu por lá uns anos e receou de novo a violência. Regressou a Angola e veio mais tarde para Portugal onde está mais de dez anos – o El Dorado há tanto esperado, sobretudo desde que, alguns anos e cinquenta e cinco burocracites depois, guardou religiosamente na carteira o famigerado papel que passou a legalizar-lhe a residência e a garantir livre circulação no espaço Schengen.
Por cá nasceram três dos quatro filhos, limpou escritórios das 6 às 10 da manhã, arrumou casas das 11 às 16 – entre elas esta –, gastou milhares de horas da vida em transportes para vir do lugar onde vivia, longe na margem Sul.
Na segunda-feira parte para França com a família. Vai juntar-se a dois irmãos numa pequena cidade, algures perto da fronteira com a Suíça, enxotada de cá pela crise: a empresa que a sub-sub-contratava para limpeza de escritórios dispensou muito pessoal, as ucranianas substituíram africanas nos arrumos domésticos. O marido, operário da construção civil, que estava há seis meses sem trabalho - nem precário, nem sazonal, nem a dias - já tem garantido emprego em França, a escola para as crianças está assegurada e é gratuita, mesmo em frente da casa que uma irmã lhe arranjou com uma renda que nem é muito cara.
Longo percurso o desta mulher que tem pouco mais de quarenta anos e que se julgava finalmente instalada no país com que partilha a língua. Duas pessoas a menos para as estatísticas do desemprego em Portugal, seis que deixarão de fazer fila à porta do Centro de Saúde ou nas urgências do Garcia da Horta. É assim.
Por cá nasceram três dos quatro filhos, limpou escritórios das 6 às 10 da manhã, arrumou casas das 11 às 16 – entre elas esta –, gastou milhares de horas da vida em transportes para vir do lugar onde vivia, longe na margem Sul.
Na segunda-feira parte para França com a família. Vai juntar-se a dois irmãos numa pequena cidade, algures perto da fronteira com a Suíça, enxotada de cá pela crise: a empresa que a sub-sub-contratava para limpeza de escritórios dispensou muito pessoal, as ucranianas substituíram africanas nos arrumos domésticos. O marido, operário da construção civil, que estava há seis meses sem trabalho - nem precário, nem sazonal, nem a dias - já tem garantido emprego em França, a escola para as crianças está assegurada e é gratuita, mesmo em frente da casa que uma irmã lhe arranjou com uma renda que nem é muito cara.
Longo percurso o desta mulher que tem pouco mais de quarenta anos e que se julgava finalmente instalada no país com que partilha a língua. Duas pessoas a menos para as estatísticas do desemprego em Portugal, seis que deixarão de fazer fila à porta do Centro de Saúde ou nas urgências do Garcia da Horta. É assim.
2 comments:
conheço uma história parecida, de uma caboverdiana, que está próximo de Paris e já mandou "carta de chamada" para as suas filhas maiores, que ficaram por cá...
é outro país, outros direitos e deveres, Joana...
Como dizia a Thatcher: ON YOUR BIKE!
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