No Sábado passado foi a Madeira, hoje está a ser o Chile – a brutalidade da natureza, a crueza das imagens e, no segundo caso, ainda uma grande incerteza quanto à dimensão do que está em causa, com mais de cinquenta países em alerta mais ou menos grave de um quase garantido tsunami.
Uma tarde passada com a CNN em pano de fundo, a tentar perceber algumas explicações sobre um fortíssimo terramoto sobre o qual, à hora em que escrevo, ainda não se sabe se provocará menos vítimas do que um outro que afectou o mesmo país, em 1960, e que é considerado o maior de que há memória.
Não sei se chocarei alguns, mas estou a viver com muito mais intensidade o dia de hoje do que o drama que afectou a Madeira. Sobretudo porque a dimensão da tragédia é muito maior, certamente, mas também porque me sinto bem mais perto dos chilenos, da sua terra e da sua história, do que dos habitantes de uma ilha que Gonçalves Zarco e mais alguns descobriram, ou redescobriram, de propósito ou mais ou menos por acaso, há cerca de seis séculos.
Não tendo familiares ou amigos nem no Funchal nem no Chile, Santiago, o Palácio de la Moneda, Valparaíso, o Cap Horn, as ilhas do Estreito de Magalhães, a Patagónia, a viagem mais inesquecível de todas as que já fiz, Allende, 1973, Pinochet, Víctor Jara, Neruda e a sua casa, fazem definitivamente parte da minha vida – e a Madeira não, de todo.
Não querendo desvalorizar o sofrimento que nos entra pela casa dentro em horas (e horas!...) de relatos televisivos, não vejo, e não sinto, qualquer razão para lhe dar a mesma importância do que a um outro, muito maior, apenas porque este vem de um pouco mais longe.
Verifico assim que a minha portugalidade anda pelas ruas da amargura e que patriotismo é uma palavra que me deixa gélida. Não sei se para o bem ou se para o mal, mas é assim.
(Na foto, a casa de Pablo Neruda, em Isla Negra, perto de Valparaíso.)
Uma tarde passada com a CNN em pano de fundo, a tentar perceber algumas explicações sobre um fortíssimo terramoto sobre o qual, à hora em que escrevo, ainda não se sabe se provocará menos vítimas do que um outro que afectou o mesmo país, em 1960, e que é considerado o maior de que há memória.
Não sei se chocarei alguns, mas estou a viver com muito mais intensidade o dia de hoje do que o drama que afectou a Madeira. Sobretudo porque a dimensão da tragédia é muito maior, certamente, mas também porque me sinto bem mais perto dos chilenos, da sua terra e da sua história, do que dos habitantes de uma ilha que Gonçalves Zarco e mais alguns descobriram, ou redescobriram, de propósito ou mais ou menos por acaso, há cerca de seis séculos.
Não tendo familiares ou amigos nem no Funchal nem no Chile, Santiago, o Palácio de la Moneda, Valparaíso, o Cap Horn, as ilhas do Estreito de Magalhães, a Patagónia, a viagem mais inesquecível de todas as que já fiz, Allende, 1973, Pinochet, Víctor Jara, Neruda e a sua casa, fazem definitivamente parte da minha vida – e a Madeira não, de todo.
Não querendo desvalorizar o sofrimento que nos entra pela casa dentro em horas (e horas!...) de relatos televisivos, não vejo, e não sinto, qualquer razão para lhe dar a mesma importância do que a um outro, muito maior, apenas porque este vem de um pouco mais longe.
Verifico assim que a minha portugalidade anda pelas ruas da amargura e que patriotismo é uma palavra que me deixa gélida. Não sei se para o bem ou se para o mal, mas é assim.
(Na foto, a casa de Pablo Neruda, em Isla Negra, perto de Valparaíso.)
2 comments:
"A Madeira é muito bonita, mas é muito ingrata"
Dizem que esta frase foi proferida por um turista que, em jovem visitou a Madeira.
E mais tarde tornou a fazer mais uma ou duas viagens a Mérida.
E não mais saiu do rectângulo.
Mas se á frase existiu, referia-se à terra, não aos madeirenses.
Dizem!
E Viñas del Mar, Puntas Arenas, Puerto Natales, Puerto Williams e Neruda, este sempre,Sim, verdadeiramente inesquecível...Também para mim a mais inesquecível de todas.E um povo profundamente simpático e acessível,ao contrário dos seus vizinhos.
Bjs
São
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