«Sebastião Salgado, o grande fotógrafo brasileiro, escolheu contar-nos o mundo atormentado. (…) "Isto está mesmo mal: Sebastião Salgado desembarcou ontem!" Foi no que pensei quando soube que Fernando Nobre, o presidente da Assistência Médica Internacional (AMI), se candidatou a presidente de Portugal: "Meu Deus, isto já só vai lá com assistência humanitária?!" O País ficou em transe. Antigamente, havia o terramoto e aparecia Fernando Nobre, agora é Fernando Nobre que causa o terramoto. Sopram-me que é Mário Soares que está por trás da candidatura. Eu já desconfiava. Soares sempre disse: "Mon AMI..." Só que pensávamos que era Miterrã e é Nóbrê. Nos adversários, um é Alegre mas tem cara de empertigado e o outro é Cavaco mas é de poucas falas. Fernando é Nobre e é monárquico. Termos um nome no boletim de voto que não mente já é positivo.»
Ferreira Fernandes, no DN.
Que isto está mau já todos sabíamos, como ia ser o discurso de Fernando Nobre ainda estávamos para saber.
Agora que já percebi que o seu espaço político não se define nem à esquerda, nem à direita, nem ao centro, estou mais sossegada porque, afinal, não existem neste momento dois candidatos de esquerda e porque Cavaco talvez tenha tido uma pequena insónia ao compreender que não está sozinho de um dos lados da barricada (onde quer que ele, Cavaco, se posicione…)
Aqui fica o link para o anúncio da candidatura, para quem quiser ouvir ou voltar a ouvir.
Registei que pertenço a «um povo ímpar que foi dos poucos povos que marcaram indelevelmente a História da humanidade» e gostei especialmente desta passagem: «Convido-vos a olhar para o futuro (…) para vencermos novos Adamastores que nos angustiam e amedrontam e assim transformarmos os actuais Cabos das Tormentas em novos Cabos da Boa-Esperança que iluminarão Portugal.» Medo!
Ferreira Fernandes, no DN.
Que isto está mau já todos sabíamos, como ia ser o discurso de Fernando Nobre ainda estávamos para saber.
Agora que já percebi que o seu espaço político não se define nem à esquerda, nem à direita, nem ao centro, estou mais sossegada porque, afinal, não existem neste momento dois candidatos de esquerda e porque Cavaco talvez tenha tido uma pequena insónia ao compreender que não está sozinho de um dos lados da barricada (onde quer que ele, Cavaco, se posicione…)
Aqui fica o link para o anúncio da candidatura, para quem quiser ouvir ou voltar a ouvir.
Registei que pertenço a «um povo ímpar que foi dos poucos povos que marcaram indelevelmente a História da humanidade» e gostei especialmente desta passagem: «Convido-vos a olhar para o futuro (…) para vencermos novos Adamastores que nos angustiam e amedrontam e assim transformarmos os actuais Cabos das Tormentas em novos Cabos da Boa-Esperança que iluminarão Portugal.» Medo!
25 comments:
é inquietante, é. Mas ainda estou à espera.
Caramba! Já mudei o sentido do meu apoio. Era mesmo disto que estávamos a precisar…
Vivam os nobres, que há-de haver mais.
MC, à espera... de?
Ainda por cima parece que é mesmo monárquico. Vou estar atenta a um possível apoio do nosso candidato a rei.
acho que a Isabelinha não deixa que o senhor dom qq coisa apoie ninguém. cuscaram-me aqui ao lado.
E o curioso é que, até agora, o povo de esquerda e do centro tem que escolher entre dois aristocratas e que, embora parte do povo de direita também tenha essa opção, a aristocracia e a burguesia de direita só tem como oferta um oriundo da plebe ou, vamos lá, da pequena burguesia...
E, já agora, as referências camonianas aos Descobrimentos, ao Velho do Restelo, ao BAdamastor, etc., não são exclusivo o Fernando Nobre, pois a poesia de Manuel Alegre está bem recheada dessas alegorias, como sabemos e de que muitos gostam (até eu...).
Quero dizer, não será por estas paisagens que se poderão tomar decisões de voto, mas os cenários ou enquadramentos decisórios terão que ser outros bem mais duros e objectivos. Julgo!
Joana,
à espera de elementos que me levem a apoiar esta candidatura ou a recusá-la definitivamente.
Ainda só tenho ténues elementos de um lado e de outro.
Joana,
à espera de elementos que me levem a apoiar esta candidatura ou a recusá-la definitivamente.
Ainda só tenho ténues elementos de um lado e de outro.
Bem visto, Jorge, essa dos aristocratas e do filho da plebe...
Joana, tu e outros têm posto bem em evidência as inconsistências e a desvalorização da política pelo humanitário e pelo "ético" que assombram e crivam o discurso de FN. Mas a verdade é que, se exceptuarmos as suas putativas convicções monárquicas, as frases patrióticas que, por exemplo, citas poderiam ser de Alegre, e o "para além da esquerda e da direita" foi usado também, no seu tempo, pela Maria de Lurdes Pintasilgo (não apoiei essa candidatura, mas cheguei a participar em debates que eram da sua iniciativa).
As duas candidaturas têm mais pontos comuns do que parece e apostam as duas fortemente nas "garantias pessoais", na "força da personalidade" (senão no seu culto…), dos candidatos. E é este traço que importaria combater, se insistirmos em travar, numa perspectiva de democratização do regime, a batalha das presidenciais.
No post que, ainda no 5dias, dediquei ao tema e que já citei aqui ( "Pontos Prévios sobre as Presidenciais"), escrevi qualquer coisa que gostaria de reafirmar neste momento:
"Convém recordar que o Presidente da República é o 'Chefe de Estado'. Como 'chefe de Estado', e enquanto o for, o Presidente é um símbolo por excelência de uma sociedade hierarquicamente organizada, assente, entre outras coisas, na distinção permanente e estrutural entre governantes e governados. A ideia de que é bom é ter um bom chefe à cabeça do Estado é apostar, mantendo a actual divisão do trabalho político, numa forma de poder que só pode impedir o caminho da sua conquista e exercício pelo auto-governo organizado e igualitário do conjunto dos cidadãos. O quadro de uma república instituída como expressão e actualização da vontade de autonomia da cidadania governante não conservaria o lugar e o cargo da 'chefia do Estado'. No caso de ser necessário, em certas circunstâncias - protocolares, por exemplo –, que alguém desempenhasse o papel de “presidente da República”, isso poderia ser feito, como já defendi, por tiragem à sorte".
Ora, "[…] a 'crise' financeira em curso acarreta ou torna mais ameaçadores os riscos veiculados por certas propostas de reforma ou redefinição dos regimes liberais abalados.
Por exemplo, as 'intervenções providenciais', acima da 'política', e desqualificando-a (mediante o aproveitamento e a insistência na 'corrupção' e nos 'escândalos', bem reais, de resto), insistindo na sabedoria, na autoridade e na competência de um chefe, acima dos partidos e das classes, que 'meta isto na ordem', são efectivamente um risco no contexto actual".
Evidentemente, nem Nobre nem Alegre são dirigentes fascistas em potência, mas têm desenvolvido as suas intervenções e sido apoiados por parte dos que os apoiam como "homens providenciais", acima da política, portadores de uma aura ética pessoal que os distingue do comum dos cidadãos. E é este aspecto que, não fazendo deles fascistas nem aliados de fascistas, é democraticamente duvidoso e corre o risco de facilitar o reforço na arena política do valor do chefe, do líder, do intérprete superior - sendo para mim claro que qualquer intensificação do investimento nesse valor -ou figura - deve ser objecto privilegiado da afirmação da democracia.
Neste sentido, a desistência de uma candidatura em benefício da outra na base de uma carta de princípios que, afirmando os valores da cidadania activa de que as duas se reclamam (pouco consistentemente, até agora, apesar da insistência que nela põem), poderia fazer alguma diferença. Não seria decerto suficiente, mas ajudaria a criar condições para que, em torno das presidenciais, pudéssemos introduzir e lançar no debate as questões que realmente fazem diferença, sem nos esgotarmos em cálculos tácticos.
Abç
msp
Miguel,
Não resisto a comentar já o início do teu comentário, pegarei mais tarde no resto.
Enquanto ouvia ontem FN, estive TODO O TEMPO a pensar na M. L Pintasilgo!!! Cheguei a escrever um parágrafo sobre isso (num post anterior a este), mas apaguei porque ia desviar todas as atenções para essa comparação e atrair raios e coriscos. Sobretudo porque passa por aqui muita gente de Coimbra, onde MLP é mais venerada que N.Sª de Fátima, pelos mais insuspeitos quadrantes. Apercebi-me disso desde que o Brumas (livro) foi lançado e me perguntaram logo porque não a mencionava (como se ela tivesse mexido uma palha contra a ditadura e coubesse portanto naquelas memórias). Isto pode parecer marginal quanto ao que está em discussão a propósito da candidatura do FN, mas está longe de o ser. Daí, a minha «alegria» pelo facto de o sublinhares.
(O que me lixa é que acabo de ler o título de um texto da Lusa, que refere que Paulo Rangel (!...) também vê semelhanças nas duas candidaturas.)
Logo, pelo no resto.
Camarada Joana,
é verdade que o Alegre se moveu contra a ditadura e que isso só o honra, sendo coisa que só temos a agradecer-lhe. Mas também é verdade que as pessoas mudam - para melhor ou para pior, para isto ou para aquilo - e que por vezes nos surpreendem. Sabe-lo bem através, por exemplo, do CNC, que foi fundado por monárquicos, com um nome que o regime salazarista não poderia contestar, e que veio a ser o que foi e a contar com pessoas como tu entre os seus responsáveis.
Dito isto, obviamente que tens razão. Mas tens outras razões que te levam a não desprezar a política e a não quereres reduzi-la a uma espécie de telenovela - apesar de tudo o que maioritariamente se faz à tua volta.
O que eu acho quanto ao lamentável discurso do FN - e pasmo como amigos meus do BE parecem não dar por isso - é que se assemelha, na corda patriótica e descobrimentista, mais ao do MA do que tu pareces admitir (no caso do MA, sim, a malta do BE e outros, estão atentos às evocações congéneres, que parecem não lhes ser perceptíveis em FN).
Demasiado patriotismo, demasiada "personalização", demasiada reivindicação dos "representados", demasiados apelos à "confiança" e poucos à acção democrática autónoma e à construção das suas condições de exercício regular e organizado - eis outros tantos traços comuns aos dois candidatos e que seria bom que quem quer apoiá-los em vista de combater pela cidadania activa os forçasse a pôr de parte.
Espero que isto facilite a tua resposta anunciada… Até já
msp
Miguel,
O teu último mail ajuda-me, de facto, a responder ao primeiro.
Desde que surgiu FN, não me viste compará-lo a MA, embora não hesitasse um segundo em votar no segundo se as eleições fossem amanhã. Mas não são e, portanto, há que aproveitar estas ocasiões para tentar perceber onde nos movemos.
«Demasiado patriotismo, demasiada "personalização", demasiada reivindicação dos "representados", demasiados apelos à "confiança"» em ambos, como dizes? Mas sem qualquer espécie de dúvida. Tenho é menos crença do que tu na capacidade de alguém os «forçar» a mudar.
Nunca fui fã de MA, não votei nele em 2006, mas confesso que tive esperança de que esta longa pré-campanha servisse para que se fosse construindo a tal «cidadania activa», APESAR de MA, ou apesar de muitos dos seus defeitos. Julgo que essa oportunidade está agora altamente prejudicada, mas talvez seja ainda recuperável.
Será viável o que dizes: «a desistência de uma candidatura em benefício da outra na base de uma carta de princípios que, afirmando os valores da cidadania activa de que as duas se reclamam»? Gostava bem de acreditar, mas não me parece provável.
(Era bom que outros se juntassem a esta conversa, por exemplo uma senhora que deixou aí para cima um comentário, que dá pelo nome «que deus me acuda» e que tem certamente bastante a dizer...)
Joana,
tu escreves:
Será viável o que dizes: «a desistência de uma candidatura em benefício da outra na base de uma carta de princípios que, afirmando os valores da cidadania activa de que as duas se reclamam»? Gostava bem de acreditar, mas não me parece provável.
Concordo que provável não parece, mas creio que vale a pena dizer que valeria a pena e fazer, falar, juntar forças nesse sentido: o nosso critério deve excluir o absurdo, mas sem deixar de lutar pela criação de novos possíveis. E depois, seria uma bela vitória nas presidenciais, ainda que com a vitória de Cavaco - e preparando a luta contra as tentativas de recentramento musculado e antidemocrático do regime -, fazer qualquer coisa que com ou sem sigla, com uma sigla ou com muitas, merecesse de facto o nome de MIC… É claro que a minha facção seria a da MDCG - pouco eufónica, mas que melhora muito quando formulada por extenso: "movimento democrático pela cidadania governante"…
P.S. Já desafiei alguma malta a aparecer por aqui. Vamos lá ver se vêm…
Junto-me eu à conversa, então... :-)
Não sou um indefectível de Alegre mas disponho-me a apoiá-lo. Não vou aqui repetir as razões, até porque seria descentrar o debate, nem penso que a opção não seja perigosa para aqueles que estão à esquerda do PS e do próprio Alegre. Mas adiante, por ora.
Como refere o Miguel Serras Pereira, Nobre tem vindo a ensaiar alguns dos traços mais negativos de Alegre (vd. o discurso e a entrevista hoje ao Expresso), com a "agravante" de não ter o lastro nem o substrato político para os afirmar. Refiro-me ao nacionalismo e a um certo tom providencial. Não sei que amigos tem no Bloco que estejam seduzidos pela candidatura, ou cegos a essas características, mas penso que isso lhes passará, quando se aperceberem que Nobre será uma espécie de MEP para presidenciais.
Essa é a boa notícia. "Roubará" tantos votos à esquerda como à direita, preocupará tanto Cavaco como Alegre. É certo que a direita se tenderá a unir em torno da recandidatura de Cavaco, mas tudo indica que a esquerda faça o mesmo em torno a Alegre. Ou não... Num caso ou outro, duas hipóteses com os seus prós e contras.
Até agora, continuo a achar que uma derrota que valha a pena apenas faria sentido com um candidato que ainda não veio e jogo, e que não é nenhum destes. Até lá, Alegre parece-me um mal menor, que vendo bem não é tão mau assim.
Com muito maior concisão e também com muito menor profundidade de análise foi que fiz no meu comenário anterior ao comparar MA e FN. Nesse pequeno comentário acabo por convergir, de certo modo, com Miguel Serras Pereira. Posso ainda acrescentar que, objectivamente (e discordando, aqui, de Daniel Oliveira no Arrastão) eu não vi grandes diferenças entre os dois discursos ontem proferidos, o de Coimbra e o de Belém/Descobertas. No conteúdo, não na forma (que essa é característica pessoal de cada um dos seus autores).
Não me parece neste momento, no entanto, que a táctica desejável seja a de um desistir em benefício do outro. Confesso que nenhum deles me atrai o suficiente para, desde já, me pôr colocar ao seu lado como apoiante incondicional. Nem mesmo o facto de eu, ao contrário da Joana, ter votado em MA em 2006 e mesmo ter sido um seu apoiante (embora bastante contrafeito). Nenhum deles me parece, neste momento, o candidato em que o País (e particularmente a esquerda) possa depositar uma esperança de actuação eficaz dentro do apertado campo que compete a um Presidente da República à luz da Constituição Portuguesa. Qualquer um deles será "do mal, o menos"...
Quanto à relação Nobre-Pintasilgo, ela ficou evidente com clareza no recente debate de 18 de Janeiro na Gulbenkian, com o título «Democracia, Direitos Cívicos e Sociais», no âmbito do ciclo de debates "Cuidar a Democracia, Cuidar o Futuro". E quando veio a público a sua (de FN) decisão de se candidatar, a primeira ideia que me assaltou foi a de ele querer dar uma continuidade póstuma e tardia ao projecto de Maria de Lurdes Pintasilgo...
Caro Miguel Cardina,
Quase, quase de acordo. Quando escreves:
Até agora, continuo a achar que uma derrota que valha a pena apenas faria sentido com um candidato que ainda não veio e jogo, e que não é nenhum destes.
No entanto, talvez o pudesse ser - muito dificilmente embora - uma candidatura baseada na "desistência" de um deles, imposta por um movimento nesse sentido e baseada numa "carta de princípios" "despessoalizadora".. E se não aparecer um outro candidato/candidatura para "uma derrota que valha a pena" (perder a batalha para poder continuar a guerra), penso que devemos defender essa ideia.
A discordância é quando concluis:
Até lá, Alegre parece-me um mal menor, que vendo bem não é tão mau assim.
É que acho, e não me congratulo por isso, que até tem vindo a piorar…
Abç
miguelsp
Neste momento também acho, como o Jorge, que a desistência de um a favor do outro não faz sentido. Não só porque ainda é muito cedo mas porque me parece que têm potenciais eleitorados e propósitos de candidatura que não serão assim tão justapostos como hoje pode parecer.
Em termos abstratos, simpatizo naturalmente com a ideia do Miguel Serras Pereira de haver um carta cidadã de compromisso que aggiorne candidaturas e linhas políticas, mas parece-me difícil de se concretizar. Em primeiro lugar, porque não vejo assim tanta dispersão à esquerda até agora (continuo a dizer que Cavaco também será acossado por Nobre - monárquico, "nem de esquerda nem de direita", que já apoiou o PSD, o PS e o BE, com um discurso patriótico, etc...). Em segundo lugar porque não vejo um actor político colectivo capaz de o fazer (num caso destes, isto não vai lá com petições on-line...)
Haveria uma candidatura pela qual valesse a pena correr o risco da derrota? Talvez. Carvalho da Silva era capaz de me fazer vacilar. Mas não vejo modos disso se concretizar.
Ainda quanto às semelhanças Alegre e Nobre: estive ontem no jantar de Alegre e ouvi o discurso na íntegra. E posso dizer que me agradou. Muitas referências ao desemprego e à precariedade, à necessidade de contrariar o desmantelamento dos serviços públicos, algumas notas sobre a cidadania activa, frases sobre a necessidade imperiosa de não confundir política e negócios. Falou da pátria, claro, mas também disse que a cultura é dinâmica e que Portugal deve ser um país de pleno direito para os não-nacionais.
O meu "problema" é outro... é o que acontecerá daqui para a frente. Algo que não posso ser desligado do apoio ou não do PS, da situação neste partido e da eventualidade de haver ou não eleições legislativas antecipadas até lá.
A História é caricata. Diria mesmo que a insustentável leveza da República está abraços com a investida monárquica...com o melhor das armas republicanas o plebiscito popular! A República vai nua... e o rei apalpa-a!Quem a irá cobrir? Será que o Alegre ainda tem forças?????
Quando o Miguel (Cardina) diz que que o que se vai passar agora não está desligado do que fará o PS, totalmente de acordo. Mas acrescento: dependerá também do que fará o Bloco, um tanto entalado, tanto internamente como para o exterior.
Paralelamente, tenho muita simpatia pela ideia do outro Miguel, na linha de um «movimento» que force a que toda a questão das presidenciais ultrapasse os dois candidatos em campo e seja colocada na linha que ele definiu. MAS COMO? Não é de certo em Caixas de Comentários...
Caros Joana, Miguel (Cardina) e Jorge Conceição:
1. que tudo passa pelo PS e pelas movimentações internas, e na sua área, que tiverem lugar nas próximas semanas, estaremos de acordo, e esse tema foi já discutido na caixa de comentários de um post anterior.
Daí que seja tão importante que o que dizemos um pouco por todo o lado contribua para levantar questões que possam favorecer um sobressalto de "cidadania activa" entre os que, como escrevi há dias, "nas fileiras do PS e na sua área de influência não puseram de parte a ideia de que a liberdade e a igualdade se implicam mutuamente, de que não há liberdade política sem igual poder para todos e de que a organização e funcionamento da esfera económica são um terreno político decisivo".
2. quanto à inexistência de um movimento que anime a carta de princípios - com ou sem desistência mútua, com ou sem multiplicação de candidaturas alternativas à de Cavaco, para além e aquém das considerações simplesmente tácticas -, suponho que estamos também todos de acordo.
O que defendo não é que decretemos a sua existência fantasmagórica, mas que sejamos capazes de enunciar, em diferentes termos, a perspectiva que formulei nos movimentos em que participamos, nos debates em que intervimos, na reflexão que propomos acerca do que se passa, nas propostas que exploramos em voz alta… não deixando que o eleitoralismo censure as razões e a vontade democráticas que nos levam a intervir no cenário eleitoral - ao arrepio da lógica redutora que o domina.
msp
eu ainda estou aqui a tentar perceber como é que um monárquico se candidata a PR: é ou não é uma incongruência?
uma coisa será um partido monárquico ganhar peso na sociedade e a determinada altura promover um plebiscito para mudança de regime, ou uma ação militar ou golpe de estado, que me parece muito mais de acordo com a natureza da monarquia, outra coisa é um monárquico, que portanto acredita que o representante máximo do Estado cai do céu como uma providência, cnadidata-se a um posto correspondente num regime no qual não acredita.
esta eu não compro.
Eu não sou conspirativo, mas até prova em contrário o Nobre surge nesta história como o mais recente aliado de Cavaco, para cuja hipotética reeleição veio dar um contributo talvez decisivo. Há uma coisa, entre várias, que me irritam no discurso deste candidato-salsicha, que é justamente aquela necessidade obsessiva de se afirmar acima da direita e da esquerda. Ainda há pouco, no noticiário da SIC, lá estava ele a garantir que não pediu a bênção a ninguém - mas acresentando, à cautela, que contactou com todos os partidos "do CDS ao MRPP". E é justamente desta vocação unanimista que eu não gosto. Devo dizer também que, até agora, não tinha a mínima intenção de votar em Alegre. Mas, com o aparecimento deste Dom Sebastião humanitário, acho que vou pensar duas vezes. Pelo menos, Alegre tem a vantagem de se assumir como um candidato da esquerda. E, por maiores que sejam as críticas que, nesse aspecto, eu lhe possa fazer, agrada-me essa postura - cada vez mais rara, e também por isso cada vez mais necessária, na sociedade portuguesa.
Se há intervenção cívica corajosa e sem medo dos poderes instituídos,mas serena,é na pessoa do cidadão F.Nobre que a podemos testemunhar.
Acho curioso que tendo sido recentemente publicado um livro do candidato F. Nobre (Humanidade - Despertar para a cidadania global solidária)onde ele apresenta as suas ideias sobre os principais desafios que a nossa sociedade enfrenta, nos posts e comentários não há uma única análise (crítica ou não)a essas ideias, mas antes se gasta o tempo a pôr rótulos (monárquico, de esquerda ou de direita, soarista ou empurrado por MS, etc.) ou a ver a quem ajuda a sua candidatura (ao Cavaco?...francamente).
Penso, modestamente, que é uma discussão muito pobre, é pura politiquice. Que me perdõem se estou enganado.
José Carlos Pereira
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