Para: Embaixada de Cuba em Portugal
Nós, cidadãos de um país que conquistou a sua liberdade há 36 anos, solidários com a resistência a todas as formas de imperialismo, críticos do bloqueio injusto e injustificável a Cuba por parte dos Estados Unidos da América, vimos através deste abaixo-assinado protestar contra morte do activista Orlando Zapata Tamayo depois de uma pena de prisão absurda e de uma greve de fome pelos seus direitos civis. E, através deste protesto, manifestar a nossa solidariedade empenhada para com todos os presos políticos cubanos e para com todos aqueles que em Cuba lutam por valores que, para quem, como os portugueses, viveu meio século de ditadura, são bens preciosos: a democracia, a liberdade e o direito a autodeterminação dos povos e dos indivíduos. Não há verdadeira independência de um povo sem democracia. Não há revolução que valha a pena sem liberdade.
Petição e Assinaturas aqui.
(Via Arrastão)
5 comments:
1º ponto
enganei-me; o Sporting não morreu, mas não é democrático; só o treinador é que manda. Ainda ontem não prestava para nada, afinal hoje já é o melhor do mundo
2º ponto
se o bloqueio acabasse era mais fácil Cuba ter potencial para mudar o regime dos EUA, que a "democracia" americana ter capacidade e moral para destruir o regime popular de democracia directa existente em Cuba. Lembram-se da visita de Fidel a New York quando discursou na ONU e depois a apoteose quando visitou o Harlem? pois é, esses fantasmas (os direitos humanos básicos gratuitos) ainda por lá andam, não despiram a T-shirt.
Joana Lopes: por acaso leu um artigo no DN de Luis Rochartre o secretário geral do Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável?
aconselho vivamente
xatoo, Viva o Sporting, portanto (embora eu seja Benfica, moro praticamente dentro do estádio...)
«Regime popular de democracia directa existente em Cuba»? Não existe, xatoo, Basta lá ir, mesmo como turista, para VER que não. Acredite que gostaria de lhe dar razão, mas não dou, de todo.
Não li esse artigo do DN. Tem o link? Em que dia foi publicado?
Xatoo,
a democracia significa que o poder é exercido por cidadãos que são os seus próprios governantes - exercido pelos cidadãos, note bem, e não por intérpretes auto-proclamados do bem do povo, que se arrogam o direito de defender o mesmo contra os seus desacertos ou imaturidade de consciência. Democracia significa também igual participação no poder, igualdade de poder, bem como deliberação pelos cidadãos das decisões da lei.
É manifesto que em Cuba não existe coisa que se pareça.
Até mesmo os defensores mais inteligentes e hábeis do castrismo, como Gabriel García Márquez, quando tentam justificar o regime o fazem descrevendo-o como uma espécie de despotismo esclarecido e benevolente, progressista porque anti-imperialista, que para se manter tem de coarctar as liberdades públicas sem poder conceder-se no presente esse bem desejável, mas supérfluo, ou menos essencial, que seria a participação democrática.
Você poderá dizer que o regime gostaria de ser democraticamente legitimado e que é por isso que faz as campanhas de mobilização popular mais ou menos forçadas que todos conhecemos. Mas isso será o mesmo que dizer que o regime só aceitaria o grau de democracia que lhe permitisse perpetuar-se, ou que afinal, pura e simplesmente, nem de facto nem de direito, aceita democratizar-se.
Onde não há liberdade política não há, por definição, igualdade política ou social. Ou você acha, depois de pensar um minuto no assunto, que os dirigentes do Partido, as hierarquias militares, os responsáveis das administrações oficiais, não gozam de melhores condições de acesso a todo o tipo de bens e direitos - do pão à informação -, reservando-se o poder de os administrar, do que o conjunto dos cidadãos cubanos?
Vamos lá, homem, assine a petição connosco.
Saudações democráticas
msp
Joana:
http://dn.sapo.pt/gente/interior.aspx?content_id=1494128
MSP
mais uma vez cai nos costumeiros idealismos fáceis: "o poder é exercido por cidadãos que são os seus próprios governantes" (mas repare no famoso pensamento ontológico de Heidegger do "querer Ser" oposto aos que apenas aspiram ao "ir Sendo" - isto é, haverá sempre uma maioria de gente que por alheamento, preguiça ou incapacidade intelectual delegará os seus pequenos poderes noutro alguém que lhe mereça confiança e proximidade) já agora vai outro parentesis: já foram ver Hannah e Martin ao TeatroAberto?)
Eu conheço in loco esse tipo de problemas que coloca. Inclusivé já estive numa ou duas assembleias populares de bairro no Vedado, na Cienaga de Zapata e também na Sierra do Escambray (perto de Trinidad) onde se situam algumas dessas pequenas mordomias para apaziguamento dos militares. Posso resumir em duas curtas opiniões as minhas conclusões:
1 É inadequado qualquer participante apenas com a escolaridade minima votar p/e nas grandes questões de macro economia de um pais. Esse voto deve ser limitado ao conhecimento útil do participante aos problemas que conhece. Por proximidade, pela sua própria experiência, vota portanto como em Cuba para as decisões que dizem respeito aos problemas da sua comunidade (não de outras, um Guaijiro honesto aceita sem problemas p/e não contribuir para eleger escrivas de petições urbanas - o voto universal é viciado, como sabe). Num sistema de democracia directa os melhores, os mais aptos a exercer essa representação subirão depois aos diversos patamares superiores da hierarquia (imagine os condicionalismos dentro de um Estado cercado) e o que disse Marx: de cada um segundo... tal, tal,tal
2. Os militares de um Exército do Povo não podem de modo algum ser equiparados à parafernália militarista que conhecemos e admitimos aqui no Ocidente como normais. As pessoas são subtraidas da informação, não conhecem os problemas e é absolutamente anadmissivel que se pense que existam por aqui brigadas de generais que são sustentadas a pão de ló e ainda têm a fama de heróis anti-"terroristas".
caro Miguel, veja lá se assenta a escrever com emprego certo num blogue pq gostamos de o ler. Quanto à assinatura peticionária como seria previsivel não compro. Não gosto de ser enganado com o toicinho que metem dentro das alheiras em vez de carne. Sou mais virado para a picanha, que tb tem o toucinho na beira, que a gente vê facilmente, corta e deita fora
pela união da esquerda
sempre a considerá-lo
Caro Xatoo,
confesso-lhe que o Heidegger não é o meu prato favorito - apesar da indulgência, não cega sem dúvida, mas excessiva e compreensível da Hannah Arendt.
Quanto à democracia limitada às competências e qualificações sócio-profissionais de cada um, eu chamar-lhe-ia antes "corporativismo", e este reserva sempre as questões verdadeiramente políticas a um "pastor" (individual ou colectivo), definido como o mais entendido e competente.
A democracia pressupõe que todos sejam políticos e ninguém o seja profissionalmente. Caracteriza-se justamente por ter inventado uma arena igualitária, onde a opinião de cada um se pode exprimir e pesar em pé de igualdade com a de todos. E depois, a maturidade democrática alcança-se exercendo a cidadania plena e não tutelada.
No regime actual, as informações sobem e as decisões descem. A sua democratização inverteria este esquema ou lógica de organização.
Quanto ao resto, a competência que um sistema hierárquico, mais liberal ou menos liberal, privilegia não é outra senão a habilidade para trepar na escala hierárquica e nos aparelhos administrativos e partidários. Tudo leva a crer que quanto mais democrático e participado for o exercício do poder maior será a sensibilidade das decisões aos argumentos técnicos pertinentes. Mas isso não significa que os mais competentes em engenharia, medicina, ecologia ou ciências ocultas, perdão, económicas, devam governar ou ser depositários por procuração da "vontade política" dos cidadãos.
Bom, vamos conversando, e vai ver que ainda acabamos por assinar juntos uma proposta de constituição para a cidadania governante (forma alargada do governo dos "produtores associados" ou "livre associação dos produtores).
Saudações cordiais
msp
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