16.3.10

Entre o Tigre e o Eufrates


Hoje somos todos sumérios, com a Mesopotâmia aqui tão perto, Código de Hamurabi à cabeceira e Lei de Talião por divisa. Olho por olho, dente por dente, pensou o nosso Nabucodonosor, e já que me fintaram aí vai.

O quê? O diploma da AR sobre casamento civil de pessoas do mesmo sexo, enviado por Cavaco ao Tribunal Constitucional, juntamente com um parecer jurídico de Freitas do Amaral.

Sabe-se hoje que esta eminência basculante considera imperativo que se reveja a Constituição se se quiser utilizar a sacrossanta palavra «casamento» já que, tal como está, «o que fica assegurado é a procriação da espécie, situação que não permite acrescentar um regime para além da união heterossexual». Também porque, para além de outras razões, a nossa Constituição «aponta de forma directa para o casamento tradicional nos países nascidos das civilizações mesopotâmicas e europeia, que é o casamento monogâmico e heterossexual».

É o que se chama regressar às origens…

P.S. -Aparentemente, na tal Mesopotâmia, o casamento não era tão monogâmico assim – bigamia à vista.

2 comments:

Manuel Vilarinho Pires disse...

Procriação para aqui, procriação para acoli, a direita portuguesa anda cheia de vigor e passa a vida a falar na procriação, motivada talvez por um Inverno longo, frio e chuvoso, e pela impaciência pela chegada da Primavera, que se anuncia!
Até o Doutor Freitas do Amaral, pessoa de educação tradicional e modos irrepreensíveis, anda a falar em público sobre a procriação...
Como dizia a Teresa Guilherme, "o amor anda no ar na casa do Big Brother!".

Anónimo disse...

"o que fica assegurado é a procriação da espécie"... então quer dizer que os casamentos em que um ou ambos os cônjuges seja estéril é inconstitucional?
ainda vamos ter o direito ao casamento entre idosos como debate fracturante... olaré