4.3.10

Vem aí um papa (2) - e vai ter pala


Que um designer tenha imaginação é o mínimo que se possa louvar, que pense em pedras quando se lembra de S. Pedro e do evangelho só peca por falta de originalidade. Que invente mais alguns argumentos olissipo-piedosos para defender o seu projecto é marketing puro, de mau gosto ou não, conforme e consoante.

Agora que alguém, seja que entidade for, religiosa ou autárquica, esteja disposta a pagar 200.000 euros / 40 mil contos por uma tribuna, que não vai ser usada mais do que uma ou duas horas, parecer-me-ia um pesadelo se não fosse aparentemente verdade.

Acredito que isto soe a demagogia, mas não creio que o seja. Com o mundo às avessas, sem saber como nem para onde se virar, com um aumento galopante da pobreza em toda a Europa e em Portugal também, com gente a viver na rua, ali mesmo nas arcadas no Terreiro do Paço, que sentido tem este exemplo dado por aqueles que continuam a dizer que é dos pobres o reino dos céus ou outras belas frases do mesmo quilate? O que tem isto a ver com fé, com devoção, ou seja lá com o que for no domínio do religioso?

Se precisavam de uma pala, que fossem para o Pavilhão de Portugal, onde a do Siza Vieira lá está, belíssima, digna de vinte bentos dezassete ou dezoito. Basta vê-la para parecer bem pindérica a que agora se projecta. Não caberiam tantos milhares de pessoas nas redondezas? O Parque das Nações é grande, tudo se resolveria com ecrãs gigantes espalhados um pouco por toda a parte - e até talvez a Super Bock patrocinasse o evento...

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