Em terra dos irmãos Castro, os barbeiros e salões de beleza com um máximo de três cadeiras (!...) deixaram de ser explorados pelo Estado. Isto significa que os até agora «funcionários públicos» deixam de o ser, vão passar a pagar uma renda (15% das receitas, aparentemente) para utilização de espaço e equipamentos e contribuição para a segurança social - e a poderem ter lucros, assume-se. Muitos estarão satisfeitos, outros nem tanto assim por não verem grandes oportunidades de negócio.
Isto não é propriamente novo: desde a década de 1990 e quando se começaram a fazer sentir as consequências da falta de apoio soviético, legalizaram-se pequenos negócios por conta própria - como, por exemplo, alguns táxis, pequenas oficinas de artesanato (péssimas…), restaurantes nas próprias casas da de família – primeiro em grande número, depois, não sei porquê, com significativa redução de número de licenças.
Comi em «restaurantes» desse tipo durante duas estadias em Cuba: em 1995 e em 2003. Devo dizer que julgo que estive em iniciativas clandestinas e não autorizadas, embora os «donos» dissessem o contrário, e tudo aquilo me pareceu lamentável, sem um mínimo de profissionalismo ou de qualidade – miserabilismo, embora com a maior das simpatias.
Há quem veja grandes potencialidades e ponha grandes esperanças nestes «avanços» que procurariam responder às muitas críticas de mau funcionamento das pequenas empresas.
Mas leio que «o governo pede paciência para experimentar soluções que não impliquem medidas 100% capitalistas». E é aqui que eu fico confusa. Que percentagem de capitalismo representam medidas como esta, agora aplicada aos barbeiros? Alguma porque os preços a cobrar são livres e comandados pelo mercado? Não elevada porque se houver quatro clientes, o último tem de esperar que vague a terceira cadeira?
Parece que estou a brincar mas não é o caso. Espera-se caminhar para o quê? É esta a tal Revolução sem R de que fala Silvio Rodriguéz? Tudo isto me provoca uma grande tristeza.
(Fonte) entre muitas outras, todas iguais
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