Num total de 3.000 milhões de desempregados em 2009, e de 4 milhões previstos para 2010, 850.000 chegaram ao fim dos subsídios em 2009 e o mesmo acontecerá a mais 1.000.000 em 2010.
Em preparação, uma grande Marcha de 900 kms, entre Marselha e Paris, de 25 de Maio a 14 de Julho de 2010. À chegada, será apresentada às autoridades uma série de exigências mínimas de protecção para os que não aceitam ser «os esquecidos da mundialização económica».
«Os governantes não hesitam em citar alegremente a Convenção universal de direitos do homem para aparecer como “ardentes defensores dos direitos humanos e democráticos”. (…) É inaceitável que a 4ª potência económica mundial irradie os desempregados que deixam de ter direito a subsídio (…), ao mesmo tempo que dá de graça aos banqueiros, principais responsáveis pela banca rota e arquitectos da crise permanente, várias dezenas de milhões».
Todos diferentes, todos iguais - por essa Europa fora.
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7 comments:
Os governantes (e as estruturas que os suportam) não conseguem ler os sinais que a sociedade cada ver mais vai evidenciando e quando acordarem será tarde. Depois irão ficar surpreendidos... ou fazer de conta?
Como os compreendo!
E, no entanto, que falta de vontade de marchar dentro das regras com que estas coisas se fazem por aqui. Para quando movimentos mais transversais, menos moldados pelos sindicatos tal como têm sido até aqui, mais alicerçados na vontade de encontrar realmente outro modo de fazer política(e de fazer mundo).
~CC~
Óptima oportunidade, Joana, para introduzir um debate academicamente interessante, embora politicamente e socialmente pouco consensual.
Grandes pensadores, como Drucker e Handy, não se cansaram de anunciar, nas décadas de 1990 e 200, este "novo mundo" que estava a despontar.
Chamaram-lhe quixotescamente a "Era do Conhecimento" e para ela previram o agora, e bem na minha opinião, apelidado trabalho precário como se de algo libertador se tratasse – não mais a ditadura de quem contrata cedendo o lugar à total liberdade de escolha dos candidatos ao trabalho que passariam a ser os ditadores das novas regras laborais, encaradas, claro, caso a caso.
Existem maia dúzia de obras de Handy e, pelo menos, uma dúzia de Drucker traduzidas para Português debatendo e defendendo estas ideias. Note-se que ambos utilizam o termo "trabalhos", fugindo à forma singular (trabalho) e renegando a designação "emprego". A razão é bem simples – as empresas duram hoje em dia menos de 10 anos em média, e as reformas tendem a exigir, pelo menos, 40 anos de descontos – ou seja, cada trabalhador passará a trabalhar em média durante a vida activa, pelos menos, para 4 patrões.
A isto chamaram-lhe trabalho a prazo, se não formalmente, pelo menos, na prática.
Repare-se, igualmente, que "trabalhos" implica "profissões" distintas.
Tanto falaram. Tantos debates sugeriram, e ninguém parece ter-se apercebido de que o actual estado de coisas não poderia vir a ser outro – a precaridade dos vínculos laborais.
Bom, a menos que ocorresse alguma profunda mudança sistémica, o que não aconteceu.
Por agora fico por aqui, pois calculo que este comentário merecerá apreciações diversas, eventualmente acaloradas.
Ate já.
Também me parece que isto não vai acabar - ou continuar - bem...
Como conciliar todas as contradições que o sistema apresenta? Por exemplo, em avulso: precariedade e manutenção de segurança social; rejuvenescimento dos quadros e fim do desemprego; desemprego e segurança social (de onde virão os fundos necessários se não existirem descontos suficientes para os subsídios desemprego e para as reformas, mesmo que estas não sejam uma responsabilidade estatal, mas decorrentes de segueradoras?); mercados sem poder de compra; e muitos etc.as....
A minha resposta era para o 1º comentário do Jorge.
Para o segundo, é apenas «não sei», tal como para o que muito bem explica o Vítor.
Dentro do sistema em que vivemos, com a forma como está a decorrer a globalização e com a «crise», o que se aproxima não é prometedor, pelo menos nesta velha Europa, para... quem ainda não se reformou.
Conheço vários jovens qualificados que estão agora a virar-se para o Brasil. Se eu tivesse 30 anos, fugia da Europa a sete pés.
Pois eu também penso que, se tivesse 30 anos como diz a Joana, iria tentar "explorar" as oportunidades que os Emergentes estão a oferecer.
Criar CV e despertar para novos ambientes deveria ser aliciante – ao que parece eles (Emergentes) até agradecem a ida de pessoas com capacidades que lhes faltam.
E quando falo em Emergentes não me refiro só aos BRIC, embora alguns destinos sejam mais difíceis do que outros.
Faz-me muita confusão como é que tantos jovens licenciados preferem empregos de call-center ou caixa do Tio Belmiro, a arriscarem um pouco enquanto é tempo. Deve ser bem mais triste aos 40 e tal anos ainda estarem dependentes da ajuda dos pais que muitas vezes ganham menos do que eles. O assunto é muito sério, e não pode ser encarado de ânimo leve.
E quanto às complexas e cruciais questões que o Jorge introduziu, penso que a única solução viável é começar a avisar que os esquemas que o pós-IIGG trouxe foram "chão que deu uvas". Pura e simplesmente são insustentáveis e acabarão a prazo (médio, penso eu).
Não vejo outra hipótese. O sistema irá lutar ferozmente pela sua própria sobrevivência, o que implica algum (significativo) regresso à desprotecção social.
As populações aguentarão? Não sei. Mas trata-se de escolha difícil: ou Eles (as populações) ou Nós (os dirigentes, apoiados no que restar da classe média). E como quem escolhe, pelo menos até ver, são os dirigentes, dependendo somente da forma de governo, a resposta parece-me óbvia.
Quando acabei de escrever isto achei-me tão pessimista que fiquei desagradado comigo. Pensei em destruir.
Mas não, aqui vai. Pode ser que a minha disposição melhore.
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