«A TVI noticiou ontem que o INEM vai acabar com aquilo que o seu presidente classificou de serviço "dispendioso": a ajuda, quer telefónica quer no terreno, a pessoas em tentativa de suicídio (bem como ainda às vítimas de violação e de maus-tratos). As ordens "de cima" são para poupar e o INEM poupará deste modo nos salários de 7 psicólogos, que atendiam, em média, 27 chamadas e saíam 5 vezes por semana para apoiar pessoas em estado de grande depressão e em vias de se suicidarem. Um cínico diria que os critérios de poupança do INEM se justificam inteiramente. Impedir alguém de se matar contribui, de facto, para o agravamento do défice, sendo, por isso, antipatriótico. Implica não só encargos com pessoal e meios como ainda obsta a que a Segurança Social poupe em pensões e subsídios, já que boa parte dos potenciais suicidas, quando não são doentes crónicos ou terminais que oneram o SNS, são provavelmente idosos, desempregados e beneficiários de Rendimento Social de Inserção, isto é, gente "inútil" e, pior, fardos que só atrasam a gloriosa marcha de Portugal em direcção aos 3% de défice em 2013.»
Manuel António Pina, do JN de hoje (o realce é meu).
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3 comments:
Cheira-me q estamos, de novo, perante ou notícias mal contadas ou emprenhamento pelos ouvidos do cronista.
Por acaso, eu tinha lido ontem esta noticia.
Joana,
A leitura da notícia sugere-me que nem os 7 salários serão poupados...
Parece que os 7 psicólogos se manterão ao serviço do INEM, a "dar apoio interno, em termos de medicina de trabalho, aos profissionais que têm uma actividade mais desgastante a nível psicológico" e que, em situações excepcionais, "podem voltar a dar apoio à sociedade".
Ou seja, é o movimento "back from the field"...
O que coloca a decisão de gestão num nível diferente, e, parece-me, muito mais grave do que se de uma poupança se tratasse: é o INEM prescindir de servir a sociedade para se servir a si próprio!
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