10.7.10

CLPL?


No Público de hoje, duas páginas com vários textos, bem elaborados, sobre a adesão da Guiné Equatorial à CPLP, que poderá concretizar-se já no próximo dia 23 (*).

Esta antiga colónia espanhola quer unir-se à pátria de Fernando Pessoa e conta já com o apoio de Lula e de alguns dos membros africanos. Com duas línguas oficiais – castelhano e francês – está disposta a introduzir uma terceira e o seu presidente, Teodoro Obiang, contratou, por um milhão de dólares / ano, um assessor de imagem que foi conselheiro de Bill Clinton, numa tentativa de apagar a má reputação que merecidamente foi ganhando.

Segundo a Amnistia Internacional, a Guiné Equatorial é um país «tão rico em recursos minerais como em violações dos direitos humanos», 77% da população vive abaixo do limiar da pobreza, o nível de corrupção é elevadíssimo, o presidente é uma espécie de deus, há detenções arbitrárias por razões políticas e outras. Mas… tem muito petróleo e não só!

Como acabará a história? Não se sabendo ainda qual será a posição de Portugal, há que ter em conta uma série de factores e aceitam-se apostas (ou consulte-se o polvo...):

«Em 2011 o país organizará a cimeira da União Africana e em 2012 realizará, com o Gabão, o Campeonato Africano das Nações, eventos que prometem aumentar os investimentos em infra-estruturas. Não admira que também empresas portuguesas e brasileiras queiram participar nas oportunidades de negócio. Espera-se que a integração na CPLP lhes facilite a competição pelos contratos lucrativos.
A solicitação de Obiang já tem o apoio do Brasil e dos países-membros africanos que esperam beneficiar da riqueza da Guiné Equatorial. Resta saber se Portugal estará também pronto a ignorar os próprios princípios da CPLP para aceitar a ditadura de Obiang no seio da comunidade lusófona. Uma vez integrada na CPLP qualquer influência sobre a ditadura na Guiné Equatorial é impossível, visto que outro princípio da comunidade é a não-ingerência nos assuntos internos de cada Estado.»

Fosse a Birmânia deste lado do mundo, e não tivéssemos por lá tido pouco mais do que missionários e aventureiros a roubar sinos para fazer canhões, e poderia bem ser o próximo candidato à CPLP. As riquezas naturais também são muitas, Aung San Suu Kyi aprenderia português e o ópio ajudaria a esquecer muitas das nossas mágoas.

7 comments:

Anónimo disse...

É com pena que leio esta notícia. para quando candidatos que sejam uma mais-valia para a CPLP?
Chega de "apoiar" ditaduras. Comece-se a limpar a imagem de certos países através da CPLP, com a expulsão da Guiné Bissau por ser dos paises mais corruptos do mundo. Para mim a CPLP nãos e resume a mais que Portugal e Brasil e outros uns satélites...

septuagenário disse...

As duas únicas colónias que não se entendem com as respectivas independências são Portugal e a Guiné Bissau.

As outras se entendem.

Joana Lopes disse...

Não quer explicar um pouco melhor, caro septuagenário?

septuagenário disse...

Portugal está dependente de Bruxelas e Guiné-Bissau dependente da Bolivia!

Caboverde São Tomé Angola e Moçambique, já toda a gente os respeita.

Manuel Vilarinho Pires disse...

Um branco de carapinha? Um preto de cabeleira loura? Restaurador Olex!!!

Moçambique na "Commomwealth"? Guiné Equatorial na CPLP? A língua mãe já não é mãe, é barriga de aluguer!!!

Joana Lopes disse...

"barriga de aluguer" faz pensar no CRonaldo. Deve estar tudo ligado...

virgili o vargas disse...

O povo costuma dizer assim "Junta aos bons e serás um deles; junta-te aos maus e serás o pior".