«A dois quarteirões das Twin Towers, o imã Feisal Abdul Rauf quer construir uma mesquita. Algumas associações de familiares das vítimas do 11 de Setembro protestam. Há dias, Obama disse: "Isto é a América, e o nosso compromisso com a liberdade religiosa deve ser inquebrantável." Para ele, os muçulmanos, tal como as outras religiões, têm direito de construir os seus lugares de culto onde querem, logo que cumpram as leis locais. É o caso: o projecto da mesquita foi aprovado pela Câmara de Nova Iorque. O Presidente americano colocou-se, como devia, no domínio dos princípios - só isso garante a equidade, a igualdade para todos. Já o imã Feisal Rauf devia reger-se por outro valor, o bom senso, tão útil para a convivência entre os cidadãos como a aplicação dos bons princípios. Os atentados do 11 de Setembro foram cometidos em nome do Islão. Evidentemente, só uma minoria os aplaudiu. Mas todos aqueles terroristas eram islâmicos e foi nessa condição que actuaram. Seria sábio da parte do imã pensar que o seu inalienável direito pode ofender o luto dos familiares das vítimas.»
Assinaria por baixo, sem certezas, este texto de Ferreira Fernandes no DN de hoje. A Câmara de NY e Obama fizeram o que «deviam», em nome da liberdade e do politicamente correcto, e é mais que certo que a intenção do imã é precisamente homenagear as vítimas do 9/11 e mostrar que o Islão nada tem a ver com a tragédia. Mas entendo que a maioria dos nova iorquinos esteja contra.: é preciso dar tempo ao tempo e não se faz necessariamente pedagogia ao nível da calçada e, muito menos, aos encontrões na memória recente.
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