Estremeci quando vi hoje este título no «Correio da Manhã» online, porque me pareceu poder indicar uma terrível premonição do que aí vem, em terras dos irmãos Castro.
A notícia é conhecida há dois dias: Raul Castro anunciou que 500.000 cubanos, hoje ao serviço do governo e pagos por este, terão de encontrar uma alternativa profissional no sector dito privado, durante os próximos seis meses – o que, num país de 11 milhões de habitantes, parece no mínimo uma decisão de uma violência extrema.
Nem entro na discussão de saber se se trata de uma desistência do «socialismo» e cedência aos encantos do inimigo, se Fidel disse há alguns dias o que queria dizer ou exactamente o contrário. Porque a verdade, nua e crua, é que a razão de ser da decisão agora conhecida é a falência do Estado cubano, dependente como está de toda a sua História, das importações em tempos de crise mundial, da corrupção, do bloqueio americano e até dos furacões. Não tem dinheiro para continuar a pagar os seus funcionários e passa-lhes a bola. Ponto.
Mas o que é mais do que preocupante, e a seguir com a maior das atenções, é o que virá a seguir, ou seja como se fará a assimilação desta vertiginosa mudança e as respectivas consequências no plano económico e social. Com uma certeza adicional: nada será como dantes e o edifício «ideológico» não resistirá incólume.
Passo a palavra a Yoani Sánchez:
«Ese dueño avaro advierte ahora que no puede seguir dándole trabajo a más de un millón de personas en los sectores presupuestado y empresarial. “Para avanzar en el desarrollo y la actualización del modelo económico”, nos dice que deben reducirse drásticamente las plantillas, mientras apenas abre pequeños y controlados espacios a las tareas por cuenta propia. Hasta la Central de Trabajadores de Cuba –único sindicato permitido en el país– informa que los despidos llegarán pronto y que debemos aceptarlos con disciplina. Triste papel para quienes les toca representar los derechos de sus afiliados frente al poder y no a la inversa.
¿Qué hará el anticuado patrón que ha poseído esta Isla durante cinco décadas cuando sus desempleados de hoy se conviertan en los inconformes de mañana? ¿Cómo reaccionará cuando la autonomía laboral y económica de los cuentapropistas se convierta en autonomía ideológica? Ya lo veremos blasfemar, estigmatizar a los prósperos, porque la plusvalía –como la silla presidencial– sólo puede ser suya.»
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1 comments:
O autonomismo dos trabalhadores conseguido não pela força, mas pela necessidade.
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