14.10.10

Nos bastidores das eleições brasileiras – o caso de Cesare Battisti


Somos inundados por notícias sobre os grandes protagonistas da campanha eleitoral no Brasil, sondagens e debates vencidos por uns e perdidos por outros, mas nada sabemos sobre histórias de vida complexas que dela dependem e que agitam neste momento uma parte da sociedade brasileira, como a de Cesare Battisti, escritor italiano, antigo membro de um grupo de luta armada, muito activo nos últimos anos da década de 70.

Embora se tenha declarado inocente, foi condenado a prisão perpétua em 1987 por vários crimes que lhe foram atribuídos, partiu a tempo para França e depois para o México, regressando mais tarde a Paris onde viveu e trabalhou. Acabou por ter de fugir para o Brasil antes que se concretizasse a decisão do Conselho de Estado francês que autorizou a sua extradição, na sequência de um terceiro pedido feito por Itália (depois dos dois primeiros terem sido recusados). A mesma solicitação viria a ser feita ao Brasil, onde Battisti foi preso preventivamente em 2007, e o seu caso está agora dependente do desenrolar da ponta final da campanha eleitoral brasileira e, ainda mais, do seu desfecho.

Desenvolve-se por isso, neste momento, um conjunto de acções com o objectivo de chamar a atenção para Battisti, a nível brasileiro e mundial, como se pode ver neste cartaz.

No Passa-Palavra, um dossier muito completo que ajuda a compreender a situação e tudo o que a rodeia.
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3 comments:

Ricardo Alves disse...

Battisti esteve ligado a quatro homicídios.

Anónimo disse...

Caro Ricardo, todas as acusações que caem sobre Cesare são fruto de delação premiada. É bastante evidente que qualquer indivíduo submetido a seções de torturas seja capaz de afirmar qualquer coisa. No caso, o único delator é Pietro Mutti, o qual teve redução de pena por conta disso.
Uma explanação sobre o assunto pode ser encontrada no texto de Luís Barroso.

João Bernardo disse...

Se o Ricardo Alves se der ao trabalho de ler pelo menos alguns artigos publicados pelo Passa Palavra, verá que a acusação de homicídio feita ao Cesare Battisti partiu de um «arrependido», ou seja, um ex-militante que, a troco de imunidade, se passara para o lado da polícia. Battisti tinha estado preso por outros motivos e conseguira entretanto fugir da cadeia. Foi julgado por homicídio à revelia e se for extraditado não terá novo julgamento, porque a Justiça -- para assim lhe chamar -- italiana considera definitivos os julgamentos à revelia.
Convém também não esquecer que se vivia naquela época em Itália uma verdadeira guerra civil. No Brasil, por exemplo, não se passa um dia sem que os saudosistas do regime militar acusem de assassinos aqueles que lutaram na clandestinidade contra a ditadura.