4.11.10

Mário Soares, esse vampiro


Ninguém é obrigado a entronizar Mário Soares, a emprestar-lhe as chaves de casa ou a comprar-lhe um carro em segunda mão. Mas o retrato que dele pinta José Casanova, em artigo de opinião hoje publicado no Avante! é absolutamente aterrador. De meter medo a criancinhas em hora de ir para a cama.

«Vale a pena lembrar – quanto mais não seja para que não caia no esquecimento – que Soares é um dos grandes responsáveis pelo desastre nacional a que a política de direita conduziu o País. Foi ele que a iniciou em 1976, dando os primeiros passos da ofensiva contra-revolucionária que, de então para cá, todos os governos prosseguiram, com raivosos ataques às conquistas da Revolução de Abril; chamando para aqui o FMI (e correndo de cá com o MFA...), e enfiando a cabeça no cepo da UE; roubando aos trabalhadores e ao povo direitos fundamentais alcançados pela luta e consagrados nas leis de Abril; recorrendo á repressão brutal sobre as massas trabalhadoras; tirando o poder ao povo e colocando-o nas garras dos grandes grupos económicos e financeiros (quer dos que haviam sido sustentáculo do fascismo quer dos que a política de recuperação capitalista viria a criar); fazendo a vida num inferno aos trabalhadores e oferendo o paraíso ao grande capital; rasgando e espezinhando a Lei Fundamental do País e entregando a soberania e a independência nacional ao imperialismo norte-americano e à sua sucursal que dá pelo nome de União Europeia.»
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19 comments:

Rui disse...

Olá Joana

Eu ainda não consegui perceber o prazer masoquista que vocês teem em ler o Avante... ;)

Digan lo que digan, a verdade é que foi o Dr.Mário Soares o autor da teoria e da prática de meter o socialismo na gaveta.

Consta até que o Eng. Sócrates, ao abrir por malfadado acaso a referida gaveta, achou melhor mandar deitar fora a secretária toda...

Joana Lopes disse...

Meter o socialismo na gaveta é uma coisa, os termos em que vem aqui descrito é outra...

Manuel Vilarinho Pires disse...

Boa tarde, Joana,
Há uns dias deixei-te aqui um comentário um bocado antipático a um texto do BE que publicaste, por repetir vezes sem conta (6) a expressão "Economia da idade das trevas", tendo-o comparado a um texto fundamentalista religioso.
Pelo que percebes como concordo integralmente com este teu "post"...

Joana Lopes disse...

Manel,
O texto que referes não tem nada a ver com este, nem na forma nem no tema. Se há coisa com que engalinho, desculpa lá, é que se esteja sempre a regressar a discussões passadas, quando são sobre outras coisas, para se «ganhar» razão.
Considerando ESTE post, com que é que não concordas?

Miguel Serras Pereira disse...

Viva, Joana.

Pois… Conviria lembrar também ao JC que Mário Soares foi Presidente da República com os votos de um partido que tinha tomado pouco antes, e formalmente, a decisão de nunca votar nele para esse cargo e que teve de fazer à pressa não sei já que extraordinárias reuniões para anular essa sua decisão.

Abrç

msp

Joana Lopes disse...

Tens razão, Miguel. Quem pensa isto de uma pessoa nunca poderia ter votado nela - no mínimo!

Manuel Vilarinho Pires disse...

Joana,

Eu devo parecer mais turtuoso do que sou, para pensares que discordo quando digo que concordo integralmente... pensaste mesmo que era uma manifestação de discordància travestida em acordo pale ironia ou pelo cinismo?
Repito, concordo integralmente com este teu "post".

Quanto ao texto do "post" anterior, podes discordar da minha interpretação, mas eu vejo na utilização repetida até à náusea da expressão "economia da idade das trevas" uma alusão ao mesmo papão que o Casanova usa para meter medo às suas criancinhas adultas. Até vejo pior, e isso também vejo no texto do Casanova, vejo na repetição a sugestão de "palavras de ordem" que os leitores mais conformistas repetirão mais ou menos mecanicamente nos seus círculos. Aquilo que a tradição acabou por designar por "cassete"...

Joana Lopes disse...

Li mal a tua última frase, Manel. Sorry...

Manuel Vilarinho Pires disse...

Que alívio!!!
Sorry accepted, claro, com o alívio imenso de me continuar a sentir à vontade para continuar a discordar de ti, o que já deves ter percebido que é, para mim, um prazer de que me custaria ter de me separar...
Ainda por cima, tenciono regressar ao outro "post" quando passar uma semana do meu comentário no blogue do BE, para dizer que a sugestão foi boa e voluntariosa mas não me resolveu a dúvida (ou que eles me responderam e ma resolveu) e a ideia de não me sentir à vontade para o fazer não me era nada estimulante...
E um "bem hajas" (para utilizar a terminologia catita) por tudo isso...

Francisco Gonçalves disse...

Olá, Joana!
Desculpe o atrevimento de invadir-lhe o seu espaço, mas não posso deixar de colocar-lhe a seguinte questão:
- Já leu o livro "Contos Proibidos - Memórias de um PS Desconhecido", de Rui Mateus, político fundador do Partido Socialista?

Se sim, solicito-lhe uma opinião sobre a figura de Mário Soares, ali bem explícita.

Joana Lopes disse...

Não, não li, Francisco Gonçalves.

Manuel Vilarinho Pires disse...

Perdoem-me duplamente a dupla invasão do vosso espaço, mas não creio que este "post" da Joana seja sobre o Mário Soares, mas sim sobre a utilização de uma linguagem fundamentalista para falar dele.

Francisco Gonçalves disse...

Aceite com bonomia a minha sugestão: leia, se tiver tempo e espaço para meditar sobre a forma como se criam mitos em Portugal.

http://www.scribd.com/doc/12699901/Livro-Contos-Proibidos

Queira desculpar-me e muito obrigado.

Joana Lopes disse...

Francisco Gonçalves, obrigada pelo link, sem promessa de ler o que quer que seja.
Faço minhas as palavras do MVP - o meu post NÃO É sobre MS mas sobre a linguagem utilizada para qualificar- e, além disso, conheço o suficiente da vida e obra dele para não ser nem sua admiradora, nem sua "condenadora" e náo seria o texto que me aconselha que alteraria as minhas opiniões.

Francisco Gonçalves disse...

Joana, fiz a minha parte. A mais não sou obrigado.

Cumprimentos.

Manuel Vilarinho Pires disse...

Passando da forma para o conteúdo, e agora que se completam 35 anos do debate Soares vs Cunhal, há-que dizer que o artigo do Casanova peca por modéstia, atribuindo ao Soares todos os louros da vitória da democracia em Portugal.
Esquece o importante papel desempenhado pelo Cunhal, pelo PCP e por toda a esquerda (à esquerda do PS), que colocaram a esmagadora maioria do povo portugês, e consequentemente do eleitorado, nas mãos do Soares.
E aí está o tom e o conteúdo do artigo do Casanova para no-lo lembrar, uma décadas passadas! Bem hajas, Casanova...

Manuel Vilarinho Pires disse...

Joana, bom dia!
Como não te quero engalinhar, até porque, mesmo que tenha sempre razão no que digo (!!!), não ambiciono ter nem ganhar razão, e como quero deixar um comentário ao teu novo "post" sobre o debate Cunhal vs Soares, mas em ligação com o meu comentário anterior, deixa-me perguntar se a ética bloguista prefere o comentário aqui ou no outro "post"?
;-)

Joana Lopes disse...

Que eu saiba, não há nenhum código de ética bloguista (devia haver...), mas eu tenho o meu: por respeito a comentadores anteriores, que não têm obrigação de ter lido tudo, em princípio, só respondo ao conteúdo do post em causa.

Manuel Vilarinho Pires disse...

Então já comentei no outro... mas deixei lá a repetição do que disse aqui acima sobre a responsabilidade pela contra-revolução em Portugal! Olha, foi o melhor que consegui fazer...
;-)