22.1.11

Reflectir em quê, exactamente?


E pronto: regressou o sossego e um silêncio agradável mas incompreensível.

Entendia-se que a propaganda eleitoral fosse proibida no dia das eleições para impedir que bandeiras e fanfarras se instalassem à porta das secções de voto (como no Brasil), mas sempre me escapou a razão de ser desta pausa sabática, no sentido etimológico da palavra.

Favorece a abstenção dos menos empenhados – tantos, cada vez mais – que ligam à terra na sexta-feira à noite e fazem por esquecer que têm uma tarefa desinteressante a cumprir daí a dois dias.

Uma ideia peregrina e paternalista como tantas outras e que perdeu todo o sentido, se é que o tinha, com a generalização da internet, das redes sociais e dos sms’s. Seria interessante ver a CNE interceder junto dos senhores do Facebook, tão misteriosos como os mercados, para eles suspenderem utilizadores ou apagarem posts. Lá chegaremos?

Inércia, conservadorismo bacoco, saudades da máquina a vapor.

P.S. - Ler: Ferreira Fernandes, O irreflectido dia de reflexão
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3 comments:

Rick disse...

Realmente a reflectir só se for na completa falência desta democracia!
Até nisto são incompetentes,não sabem eles que ao darem este dia de intervalo favorecem ainda mais a abstenção??
A não ser que tenham chegado à conclusão de que os portugueses têm memória tão curta que vão esquecer todo o cinismo apresentado apenas dois dias atrás?

Fernando Vasconcelos disse...

É que se ainda funcionasse, ou seja que pela ausência de campanha levasse as pessoas a utilizarem uma hora do dia a pensar no assunto ... Mas estão a ver o problema é mais até o que o Rick apresenta só que ao contrário. É que na verdade empurramos a culpa para os políticos esquecendo-nos que se eles estão no lugar em que que estão foi porque neles votamos. É isso que infelizmente também convenientemente esquecemos.

Joana Lopes disse...

Totalmente de acordo, Fernando: estou farta das queixas contra os políticos, até porque são perigosas. Fomos nós que neles votámos e, para PR, deve haver uns milhões de portugueses, com mais de 35 anos, que podiam ter-se chegado à frente...