15.3.11

Ainda no rescaldo do 12 de Março


Eu ainda ando pela Ásia, entre faunas e floras mais ou menos exóticas, mas vou seguindo como posso o que por aí se vai escrevendo e não quero deixar passar, sem o referir, um texto do Rui Tavares, editado no Público de ontem (e agora já no seu blogue), bem como um «complemento», também do Rui, publicado hoje pelo Miguel Serras Pereira no Vias de Facto.

Dois excertos:

«Não tenho ilusões. Numa economia globalizada, assente em coisas como computadores e aviões a jato, o que pode o neomutualismo é sempre de natureza limitada. Mas o objectivo aqui é reinventar o princípio da solidariedade de uma maneira que a política institucionalizada não pode — e que, no caso da União Europeia, manifestamente não quer. Para participar, as pessoas precisam de razões para acreditar. E depois de sábado, vão precisar delas mais do que nunca.»

«Como pode a esquerda reconstituir a base de apoio que estabeleceu na viragem entre o século XIX e o século XX e que ainda é a que lhe vai dando algum gás hoje, em particular nos sindicatos? Mas como pode fazê-lo em condições que são hoje muito diferentes, de precariado, globalização, e redes sociais assentes na internet? Resposta: pode fazê-lo como fez então: dando razões às pessoas para acreditar. Essas razões são, de forma não exaustiva: soluções concretas, laços de solidariedade, vitórias.»
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