… que Manuel António Pina e as suas crónicas regressaram ao JL – e eu com elas.
À sua maneira, toca hoje numa questão bem de fundo e raramente valorizada: a baixa qualificação dos nossos empresários, a qual, num país coberto essencialmente por PMEs, se reveste de uma extrema gravidade, de consequências incalculáveis para o estado da economia. Problema que não é novo, mas que é especialmente relevante na fase que atravessamos.
E quem lhe forneceu as estatísticas da qualificação dos trabalhadores ter-lhe-á omitido que, segundo dados do INE, 74,1% dos patrões portugueses só têm o ensino Básico, ou nem isso, e apenas 13,9 e 12% possuem formação secundária ou superior (contra 15,2 e 14,5% dos trabalhadores).» (o realce é meu)
Os culpados do costume
«Não li na íntegra o artigo do "Wall Street Journal", citado por vários jornais portugueses, que "explica" a crise económica que Portugal atravessa com a pouca qualificação dos trabalhadores, mas conheço bem o jornalismo que chega a um local exótico, fala com uma ou duas pessoas que conhece no bar do hotel, junta uns dados estatísticos e julga ter descoberto a verdade sobre os autóctones.
De acordo com o resumo feito pelo DN, para o "Wall Street Journal" o fraco crescimento da economia portuguesa resultaria de "apenas 28% da população entre os 25 e os 64 anos [completar] o ensino Secundário".
O artigo não se interroga - tal tipo de jornalismo raramente se interroga - por que motivo a "mão-de-obra não qualificada" portuguesa contribui tanto para o crescimento da economia dos países para onde emigra e não da portuguesa.
Provavelmente, no bar do hotel, ninguém lhe terá dito que, em Portugal, existem poucos empresários, a maior parte "Estadodependentes", e muitos patrões, nem lhe terá falado da cultura empresarial dominante por estas latitudes: a do tráfico partidário de influências e dos ajustes por baixo da mesa.
E quem lhe forneceu as estatísticas da qualificação dos trabalhadores ter-lhe-á omitido que, segundo dados do INE, 74,1% dos patrões portugueses só têm o ensino Básico, ou nem isso, e apenas 13,9 e 12% possuem formação secundária ou superior (contra 15,2 e 14,5% dos trabalhadores).» (o realce é meu)
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