20.4.11

Perdas e ganhos


Quando o Zé Neves acelera e escreve quase todos os dias, os posts saem-lhe cada vez melhores e (para mim...) acertam no alvo. É o caso de «Saber perder também é uma forma de ganhar», que eu assinaria da primeira palavra ao ponto final.

Que PCP e Bloco tenham decidido não participar nas reuniões com a troika financeira é certamente discutível, não se trata de uma questão transcendente que mereça desviar as atenções da orquestra que toca no Titanic, mas é útil que as ondas de choque que alguns têm provocado, e que nada têm de ingénuo, encontrem pela frente textos como este. Porque é sempre bom, e cada vez mais necessário, separar as águas.

Alguns excertos e recomendação de leitura na íntegra.

«O Daniel queria que o Jerónimo de Sousa e o Francisco Louçã tivessem ido reunir com o FMI e que no fim tivessem dito aos jornalistas que acreditavam que as suas críticas ao FMI haviam sido minimamente levadas em linha de conta pelo próprio FMI. À semelhança do que fez Carvalho da Silva. Ora, uma e outra coisa não são perfeitamente comparáveis. Eu acho bem que Carvalho da Silva tenha ido reunir com o FMI, tal como acho bem que Louçã e Jerónimo não tenham ido. (…)

O que está em causa nestas reuniões, porém, é uma coisa muito diferente. E que tem que ver com princípios. Que interpelam os partidos de modo diverso do que interpelam os sindicatos. Os sindicatos reúnem com quem tem poder. Os partidos reúnem com quem tem poder mas um poder democraticamente legitimado. Estas reuniões do FMI com os partidos servem, sobretudo, para dar legitimidade a um programa de governo que se imporá a todo e qualquer partido que vença as eleições. (…)

É o próprio FMI que o afirma: trata-se de garantir o apoio da maior parte dos partidos de modo a evitar que o resultado das eleições – com essa chatice que são os governos minoritários, a heterogeneidade da vontade popular, a instabilidade política, a democracia e outras comichões que irritam os “mercados” – possa anular o trabalho de consolidação que agora começa a ser feito. (…)

Não sou um defensor do "quanto pior, melhor", mas também não creio que o melhor meio para melhorar as coisas seja procurar simular pequenas vitórias no que é uma clamorosa derrota. A esquerda, os trabalhadores, os benfiquistas, a democracia - como queiram - perderam com a chegada do FMI. Não vale a pena tentar disfarçar.»

Na íntegra aqui.
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1 comments:

josé disse...

Para que este palavreado da treta ficasse completo tinha de incluir também o benfica..... Perfeito!!!