3.4.11

Tratados como gado


Muito se tem falado do papel de tampão que a Líbia representava para evitar o afluxo de migrantes africanos à Europa e da «eficácia» dos acordos existentes, neste domínio, entre Kadhafi e a Itália (e, também, a União Europeia). Mas começam agora a ser conhecidos relatos aterradores das condições em que esses migrantes eram tratados.


Excerto resumido:

«Era cerca de uma hora da manhã quando vimos luzes no mar. Estávamos tão cansados que pensámos tratar-se de uma cidade da Sicília. Na realidade, era a guarda costeira que se aproximou e nos ajudou.

Poucas horas mais tarde, talvez quatro, vimos que um outro barco e ficámos aterrorizados quando constatámos que era líbio. Apesar dos gritos e dos protestos dos náufragos, os marinheiros líbios e os italianos organizaram o nosso transbordo. (…) Tiraram-nos do navio com uma grua, em redes utilizadas normalmente para mercadorias ou gado, embora nos tivessem prometido que nos levariam para a Sicília.

[A bordo do navio líbio, foram algemados e espancados até que Mohammed Ali, o capitão do barco improvisado, se denunciou.] (…) Quando vi que começavam a bater e a aplicar descargas eléctricas a dez ou onze pessoas inocentes, levantei a mão, disse-lhes que era o capitão e pedi-lhes que não batessem em mais ninguém. (…) Bateram-me depois até que desmaiei. (…)

[Já em Tripoli,] espancavam-nos para que avançássemos, mas estávamos esgotados e caíamos (…) . Puseram-nos numa prisão, juntamente com 60.000 outros migrantes.»

Etc., etc., etc… - numa Europa perto de nós.
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