Começou a semana de todas as declarações de voto e elas andam por aí, para todos os gostos e os mais variados paladares. Quem passa habitualmente por este blogue sabe que a minha é simples: voto Bloco de Esquerda, sem qualquer hesitação, e nem sei se voltarei a explicar aqui porquê.
Mais importante me parece desmascarar o mito do «voto útil», algo que sempre abominei e que nestas eleições me parece particularmente enganador no que à esquerda diz respeito. Estou a pensar, obviamente, no apelo ao voto no PS porque é preciso fugir do papão da direita, porque Passos Coelho pode vir a revelar-se ainda pior do que Sócrates, porque é mais tosco e desbocado, ou porque os socialistas sempre prezam mais a caridadezinha do que os terríveis liberais.
De voto útil em voto útil chegámos onde estamos hoje e, para usar uma expressão da qual o camarada Jerónimo não desdenharia, bem podemos limpar as mãos à parede…
Nem tencionava escrever hoje sobre este tema, e é bem provável que o retome mais tarde, mas o Pedro Viana deu-me o mote e aqui fica o que publicou no «Vias de Facto»: Um voto no PS não é útil, mas sim perigoso. Diz, de uma forma directa, parte do que eu própria penso.
«Nesta altura, praticamente todas as sondagens sugerem que o PSD será o partido que angariará mais votos nas eleições legislativas de 5 de Junho. Mas também indicam que existe uma probabilidade elevada dos deputados que serão eleitos pelo PSD, em conjunto com os eleitos pelo CDS, não constituírem uma maioria (absoluta) na Assembleia da República, ou então que tal maioria assentará numa pequena diferença para o conjunto dos deputados de PS, BE e CDU. Em qualquer destes cenários, haverá uma enorme pressão por parte dos meios financeiros e de maior poder sócio-económico em apoio da inclusão do PS, já livre de Sócrates, no próximo governo. Ainda para mais, só o PS poderá permitir ao PSD modificar a Constituição Portuguesa de modo a conseguir atingir alguns dos seus objectivos, como a possibilidade de despedimento sem justa causa, o fim da gratuidade do sistema nacional de saúde, ou o desmantelamento do sistema público de educação. Sim, porque parece que toda a gente se esqueceu que a nova Assembleia da República mantém a capacidade da anterior para mudar a Constituição por maioria de 2/3 dos deputados, dado que nenhuma revisão foi publicada na última legislatura. A isto junta-se a vontade do aparelho do PS, e de todos os interesses que em volta dele têm gravitado, em não perder o acesso às benesses de que tem desfrutado durante a maior parte dos últimos 16 anos. Em resumo, um voto no PS é um voto que será usado para vender os últimos elementos de protecção social que constam da Constituição Portuguesa em troca da manutenção dos tachos que o PS tem distribuído pelos seus fiéis. Só o reforço do BE e CDU, em detrimento do PS, poderá levar a que este tenha um resultado eleitoral suficientemente mau para levar os seus dirigentes a pensar duas vezes antes de venderem os seus préstimos ao PSD.»
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1 comments:
Sócrates cobra ao Bolco a aprovação de certas votações pró Bolco, e alguns correspondem.
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