Notícias do dia anunciam que «os resultados dos exames do 9º ano são os piores dos últimos anos» e explicam que os mesmos se devem, fundamentalmente, ao facto de as provas serem agora mais difíceis.
Concretamente no que se refere à Matemática, a média dos mais de 90.000 alunos que se apresentaram à primeira chamada não ultrapassou 43% (sendo que mais de 16.000 não conseguiram ultrapassar 19% e cerca de 30.000 tiveram menos de 30%). Devastador! Assim não vamos lá, com FMI ou sem ele.
Ora acontece que não consigo admitir que alguém considere que o exame em questão (publicado aqui) deva, ou sequer possa, ser considerado difícil: percorri-o do princípio ao fim. Não o seria há cinquenta anos, nem há vinte – garanto eu que tenho bem presentes essas referências temporais –, quando nem sequer eram fornecidos, como agora, fórmulas tão elementares como as necessárias para calcular o perímetro de uma circunferência ou o valor de pi…
Haverá certamente muitos culpados - pais, professores, o Mário Nogueira, o 25 de Abril, Sócrates (sempre…) ou até a padeira de Aljubarrota – e dezenas de razões já apontadas por todos os Cratos deste país.
Acrescento mais uma: a infantilização que muitas perguntas de testes como este reflectem e que traduz um facilitismo bacoco e quase insultuoso, uma desistência de considerar que rapazes e raparigas com um mínimo de 15 anos são capazes de raciocínios abstractos e que não precisam que lhes contem histórias da carochinha para resolverem problemas elementares. Um exemplo nesta figura que reproduzo: por que raio se fala de uma choupana (!!!) para se pedir que se calcule a altura dum cilindro? Pretende-se exactamente o quê? Só se for que os alunos percam algum tempo por não saberem… o que é uma choupana!...
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2 comments:
Foi preciso vir ao teu blogue para ver o enunciado do exame do 9º ano, pois tenho-me afastado propositadamente deste tema da Educação, que o Crato dá-me (sempre deu) cabo da paciência e faz-me subir a tensão arterial...Mas, Joana,não posso estar de acordo contigo. Estas questões da prova - pelo menos os problemas - são, efectivamente, de um grau de dificuldade superior ao habitual. A título de exemplo, comprovando esta minha ideia, pede a meia dúzia de licenciados da área de Ciência (médicos, biólogos,farmacêuticos, professores de Geografia, etc.,ou mesmo arquitectos, (e talvez engenheiros!)que resolvam o problema com que ilustras a tua tese. Aposto que serás surpreendida!E não esqueçamos que se trata de ensino «básico».
Um abraço, já com saudades
Helena Pato (prof. de Matemática)
Olá, Lena.
Duas coisas: não sei se o exame é mais difícil do que os dos últimos anos porque não os tenho presentes. Admito portanto que sim.
Focando apenas o exemplo que mostro, se é verdade o que dizes, então «o mundo» está ainda muito mais ignorante do que penso, já que, no início do enunciado, são fornecidas as fórmulas necessárias para resolver o problema (volume do cilindro e do cone). O resto é pura questão de raciocínio!
Abraço
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