Por razões que não vêm agora ao caso, tenho passado os últimos dias preocupada – e ocupada – com qualidades e defeitos dos portugueses, suas venturas e desventuras. Sem o saber, Manuel António Pina vem hoje em meu auxílio e recorda-me que têm uma característica evidente: o horror ao imprevisível, o desamor pela surpresa. Ou não teriam eleito Passos Coelho:
«Começam a perceber-se as misteriosas razões que terão levado 2 159 742 portugueses a votar em Passos Coelho.
O eleitorado português tem sido repetidamente elogiado pela prudência e sensatez. Tirando a parte, humana, demasiado humana, da lisonja, resta o que é talvez fundamental, que os portugueses não gostam de surpresas e votam no que conhecem. (…)
Estou em crer que o eleitor português típico, se tal coisa existe, nunca votaria num político imprevisível.»
Quem diz Passos Coelho, diz certamente Cavaco! Alguém com maior horror à surpresa do que ao vazio?
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4 comments:
Com todo o respeito, duvido que TODOS os que votaram (assim como os que não votaram) em Passos Coelho, conheçam "realmente" o programa neoliberal!!
Porque eu não acredito que à parte os boys, as girls e os clientes do sistema, alguém em sã consciência, queira viver num regime onde em tempos de crise, os ricos fiquem cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres.
Digamos pois, que o povo português na sua maioria, enferma da "doença" que sempre beneficiou os poderosos: o OBSCURANTISMO!
E estou convencida, que o trabalho de informar e educar para a verdadeira liberdade, tem de ser feito, nas escolas (ainda que à revelia do sistema) e nas famílias, pois os governantes de amanhã já estão na "forja"!
No meu comentário anterior, quando digo:
"(assim como os que não votaram)",
queria referir-me à Abstenção.
É um atavismo conhecido, o do cidadão-eleitor Tuga: Mata o voto, espeta-lhe uma cruz, mete-o na urna e depois fica com a habitual cara de enterro.
Mais do que previsível.
Um País com tamanha tacanhez de pensamento, não pode evoluir e é dessa forma, que de tantos em tantos anos acabamos na miséria e bancarrota. Penso que estamos a chegar ao fim dos tempos, porque se há pior, só mesmo na Birmânia.
Enfim, a "democracia" não passa de despotismo para as minorias.
"É no problema da educação que assenta o grande segredo do aperfeiçoamento da humanidade." Kant
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