30.9.11

Perfilados de medo


Nem mais: «O único argumento que os chanceleres europeus e os nossos governantes têm, para impor uma política que vai destruir a economia de todos para dar mais riqueza a muito poucos, é o medo.» Só isso explica o aparente fatalismo e a insuportável passividade que paralisa as grandes maiorias.

A crónica de Nuno Ramos de Almeida, publicado no «i» de hoje.

«É sabido, Portugal é um país de bons poetas e maus ministros. Pior do que os habituais estadistas, apenas os poetas quando se tornam políticos. No século XIX, resolvia-se a coisa dando aos bardos do regime a pasta do Mar. A Cavaco Silva a poesia é coisa que não lhe assiste, como se diz agora, mesmo tirando algumas tiradas dignas de um surrealismo tardio sobre o “sorriso das vacas”. Em entrevista à TVI, o Presidente-economista deu como adquirido que Portugal necessita fazer esta política de cortes cegos e que está condenado a perder a sua soberania económica. Alexandre O’Neill era poeta e as sua palavras fizeram a autópsia de um país de governantes medíocres e pessoas cujo silêncio cobarde sustentava qualquer ditadura. “Ah o medo vai ter tudo. Tudo (penso que o medo vai ter tudo e tenho medo que é justamente o que o medo quer). O medo vai ter tudo, que se tudo e cada um por seu caminho havemos todos de chegar quase todos a ratos. Sim, a ratos”, escreveu.

O único argumento que os chanceleres europeus e os nossos governantes têm, para impor uma política que vai destruir a economia de todos para dar mais riqueza a muito poucos, é o medo. Depois do estado de choque, da negação, virá a raiva. E algumas pessoas terão a coragem de dizer que preferem ser livres a ser submissas, mesmo que isso seja um caminho mais difícil. A caminhada começa amanhã com as manifestações de 1 de Outubro. Nem toda a gente acha normal ser governada pela Alemanha devido a dívidas que não contraiu e a lucros especulativos que não teve.»
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3 comments:

folha seca disse...

Cara Joana Lopes
"Plagiei" o seu post, com a devida referência.
As minhas desculpas.
Abraço
Rodrigo

Septuagenário disse...

Quando a cabeça não tem juizo o corpo é que paga.

O corpo é e será o povo, e é do povo que saem os governantes.

Esta crónica do «i» é uma análise muito à moda de uns anitos passados.

Já não pega muito bem.

Anónimo disse...

...não é nenhum esquerdista...não é do MRPP...pois...

Rui Mateus.