Em entrevista ao Jornal de Notícias (que não li na íntegra), o cardeal de Lisboa repete afirmações já proferidas anteriormente, em que não se distancia minimamente do posicionamento do actual governo, dando qualquer tipo de «espaço» para quem se lhe opõe («Se colaborarmos todos, o governo, este ou outro, encontrará soluções mais adaptadas», «temos de aceitar as condições de quem nos empresta», «o protocolo é para ser cumprido», etc. etc.). Mas adiante…
O vídeo disponibilizado na página online daquele órgão de comunicação social (que pode ser visto e ouvido aqui) traz, no entanto, uma novidade: para José Policarpo ninguém sai da política directa «com as mãos limpas».
Reproduzo a afirmação no contexto: «O nosso ministério é de uma natureza, de uma ordem que pode ficar prejudicada se nós nos metermos na política directa como ela é feita hoje. Ninguém sai de lá com as mãos limpas.»
É bem provável que os políticos católicos oiçam (mais) isto com um encolher de ombros… Mas como reagiria o patriarcado se alguém com responsabilidades na sociedade civil dissesse algo como «o nosso ministério é de uma natureza, de uma ordem que pode ficar prejudicada se nós nos metermos na acção directa da Igreja, como ela é feita hoje. Ninguém sai de lá com as mãos limpas»?
É bom ter tento na língua, sobretudo quando existem telhados de vidro.
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2 comments:
Reforça a máxima, de que no melhor (?) pano cai a nódoa.A tentação do espiritual no temporal, ou a vâ glória de influênciar, é enorme
Pois. Em compensação, em todos os casos de pedofilia que envolveram "ministros" da igreja católica, parece que todos eles tinham imenso cuidado em lavar bem as mãos.
E se o sr. D. José fosse à merda?
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