«Se os governantes entenderem que a situação de emergência nacional justifica tomar medidas que a actual Constituição impede, o que têm que fazer é chamar o líder do PS de quem são tão amigos e mudar a Constituição com os votos do PS, PSD e CDS. Como já se viu quando de revisões constitucionais extraordinárias a pretexto dos tratados europeus, tal pode ser feito muito depressa, haja vontade das partes. Não penso que mudar a Constituição para a moldar às necessidades do momento seja muito saudável, mas é certamente mais saudável do que estar a actuar à sua revelia.»
José Pacheco Pereira, O Tribunal Constitucional continua em funções? ####
«É verdade que o papel a desempenhar pelo PS nunca seria fácil. Entalado entre os últimos seis anos de governação, que António José Seguro renega, e o acordo de assistência financeira negociado pelo seu partido, o espaço para fazer oposição seria sempre reduzido. Mas o Governo fez-lhe um enorme favor e escancarou-lhe a porta de saída: optou por ir politicamente muito para lá dos acordos com a troika e fez escolhas em sede de orçamento, no mínimo, discutíveis. E o que faz o PS? Rigorosamente nada. E se não consegue construir uma alternativa face às opções radicais do Governo, ou estamos perante um caso de incompetência total, ou então, no fundo, concorda com as opções da maioria, apesar dos remoques e da retórica apatetada. Pode muito bem ser isso, pode ser que o caminho escolhido pelo PSD e CDS seja também o do actual PS e, nesse caso, em razão desse consenso, está na prática a disponibilizar-se para aderir à coligação.»
Pedro Marques Lopes, 'Quo vadis' PS?
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«Com um ano e meio de atraso, foi finalmente reconhecida a necessidade de reestruturar a dívida grega. Várias vozes se juntaram para entoar: “foi uma grande perda para os credores”. É bem verdade que os credores irão ganhar muito menos do que previam, mas ganhar menos não é bem sinónimo de perda. Recuemos ao passado. Alguém contestou os lucros abusivos destes mesmos credores quando cobravam taxas de juro agiotas e iam ganhando às custas do desespero de muitos? Avancemos para o futuro. Alguém está a contestar o outro lado desta decisão? Não, pelo contrario, foi aplaudida, e é bom lembrar que outro lado é esse. Os mesmos credores que perdem nos lucros previstos, beneficiarão das medidas adoptadas para a recapitalização da banca. Traduzido por miúdos, os bancos livram-se dos produtos tóxicos ao mesmo tempo que ganham dinheiro fresco. »
Marisa Matias, Uma mão cheia de nada
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1 comments:
"Medidas que visam, por um lado, assegurar o pagamento do “resgate”, acompanhado de juros leoninos, e, por outro, garantir que os activos e as empresas estratégicas gregas respondam pelos créditos alocados, vendidos a preços de saldo e previamente libertos de “gorduras” (isto é, de trabalhadores)." in LP online
Rui Mateus
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