À margem de uma conferência que proferiu ontem no Instituto de Estudos Académicos para Seniores, na Academia das Ciências de Lisboa, António Barreto fez declarações à Lusa, que podem ser ouvidas aqui.
O que é extraordinário não é o conteúdo do que disse (já lá vou), mas o realce que toda a comunicação deu ao facto e que só se entende pela importância crescente que é atribuída a tudo o que sai da boca deste não-candidato às próximas eleições presidenciais. Efectivamente, por seu mérito e / ou demérito, e como Miguel Cardina muito bem caracterizou, «António Barreto é um dos mais eficazes, cultos e porventura desinteressados “intelectuais orgânicos” do regime de facto - esse sistema de encontros, confluências e cumplicidades que articula as elites políticas e económicas».
Só isso explica a importância dada a afirmações das quais o tal senhor de La Palisse talvez não desdenhasse (algumas tiradas do próprio discurso de vinte páginas, que António Barreto terá lido):
«É possível que Portugal, daqui a 30, 50, 100 anos não seja um país independente como é hoje, numa outra Europa, mas convém perguntarmos o que vai acontecer no futuro.»
«Cito o caso [dos povos desaparecidos] porque, muitas vezes, quando se discute o caso de Portugal ou da Europa tem-se sempre a ideia de que as coisas são eternas, que tudo é eterno, e agora não é.»
«Com a crise que estamos a viver há alguns anos e com as enormes dificuldades que vamos ter para resolver e para ultrapassar, põe-se sempre o caso de se saber se daqui a dez, 30 ou 50 anos Portugal será o que nós conhecemos hoje.»
Mas não é absolutamente óbvio que Portugal pode deixar de ser independente (ainda é?), que nunca houve países nem civilizações eternas e que, «daqui a dez, 30 ou 50 anos», esta fatia à beira mar plantada será, garantidamente, totalmente diferente?
(Fonte)
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2 comments:
Eu junto que: "se o céu cair, mata as cotovias todas"...
(que cromo, jasus... e não há quem o cale!)
Simão
É tudo tão deprimente!
Com esta gente nem no tempo do Portugal a preto e branco.
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