22.11.11

Dito por aí (1)

@João Abel Manta

«Em Portugal, a esquerda doméstica, e domesticada, reuniu-se com os respectivos sindicalistas mas não falou da greve geral. É histórico e a história mais recente está a confirmá-lo: há uma certa esquerda tão formatada pela democracia formal e pelos interesses do poder económico que mal se distingue da direita. Por exemplo, a diferença entre a coligação PSD/CDS no poder em Portugal e a oposição PS de António José Seguro é a distância que vai entre cortar os dois ou só um dos meses na contagem dos salários anuais. No meio da desgraça geral um salário por ano pode aliviar um pouco, mas na substância essa batalha não altera nada.»
João Paulo Guerra, Esquerda

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«Para Portugal, apenas um conselho. O primeiro-ministro deve concentrar-se em impedir que a opinião pública acabe mesmo por acreditar que é Miguel Relvas quem chefia o governo.»
Viriato Soromenho Marques, Uma semana crucial

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«A expressão "navegação à vista" seria apropriada para descrever a presente história trágico-governativa se, nas sucessivas decisões e anúncios de decisões do Governo e nas previsões em que elas se fundam, se vislumbrasse a vaga ideia de um rumo. (…)
Vítor Gaspar é, aliás, o ministro dos desmentidos de serviço. Só ontem desmentiu não só a revisão salarial da função pública anunciada sexta-feira pelo secretário de Estado da Administração Pública e a redução de salários no sector privado anunciada pela "troika" como a sua própria previsão de uma recessão de 2,8% em 2012, anunciada em Outubro, que desmentia, por sua vez, a de 1,8% que anunciara em Agosto. A versão de Novembro é agora de 3%. Aguardemos pela de Dezembro. E ponhamos os coletes de salvação e preparemo-nos para o naufrágio.»
Manuel António Pina, Navegar à vista

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«A semana passada fiquei envergonhado com o orgulho com que os nossos governantes e muitos comentadores políticos anunciaram a, cito, "passagem de Portugal no exame da troika".
Os amanuenses da macroeconomia estavam satisfeitos com a aplicação correcta de medidas financeiras de emergência. (…)
Só espero que, rapidamente, Portugal volte a ser governado por gente sábia, sim, mas em política, não em somas e subtracções de contabilidade de mercearia.»
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1 comments:

Helena Romão disse...

A segunda é fácil: too late!