1.12.11

Dito por aí (3)

@João Abel Manta

«Quem poderia prever que a progressiva e próspera Europa de Julho de 1914 iria desaguar no mar de barbárie e selvajaria da I Guerra Mundial, apenas um mês depois? Quem poderia imaginar que a queda da bolsa de Nova Iorque, em 1929, levaria, em virtude de uma série de opções políticas erradas, a 16 anos de pobreza e austeridade, ao triunfo de Hitler, ao segundo conflito mundial, e ao holocausto? Se a Zona Euro entrar em colapso viveremos a maior singularidade da história europeia, com repercussões mundiais. Não é difícil antecipar como começará (…), mas ninguém sabe como acabará. Uma vez aberta a caixa de Pandora, tudo é possível.»
Viriato Soromenho-Marques, Buraco negro

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«A liberdade de imprensa é uma maçada democrática. Outra é o "inalienável" direito à greve, como diria o ministro Miguel Macedo. De facto, a Democracia vem num "pack" constitucional que, se tem virtualidades, não tem menos inconveniências, sendo impossível adquiri-la sem adquirir também monos como esses.»
Manuel António Pina, A Democracia, essa maçada

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«Mas falo também na primeira pessoa: conheço bem o primeiro dos “perigosos agitadores” detidos naquele dia. Ele contou-me e mais tarde pude confirmá-lo num vídeo que estava frente à escadaria do Parlamento e três agentes à civil saíram das linhas da polícia de choque e escolheram-no de um modo aparentemente aleatório para ser detido. Passaram nas suas costas e empurram-no para a linha policial. Por causa dessa acção houve uma pequena agitação entre os manifestantes e a polícia, porque ninguém compreendia aquela detenção. Mas o motivo hoje é mais claro: era uma operação policial para inflamar os ânimos de quem protestava e justificar a desproporção dos meios e para criminalizar a Greve.
Momentos depois, o porta-voz da PSP dizia não confundir a manifestação legítima dos sindicatos com o que se passou depois. De facto, não havia nenhuma confusão possível, visto que os desacatos foram planeados e executados pela polícia e não pelos manifestantes, sindicalizados ou não.»
Ricardo Moreira, A criminalização da Greve Geral
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