Luís F. Afonso vive no Japão e é um velho leitor deste blogue. Deixou hoje um comentário a este meu post e, com a sua autorização, reproduzo-o aqui.
«Folgo em saber que o tema do avanço da RPC sobre a Europa começa a merecer maior destaque aqui e bem assim noutros espaços.
Da minha parte mantenho: tudo isto não passa, a longo, médio prazo, de um imenso presente envenenado. Não tardará, uma vez seguras as posições-chave dentro dos sectores estratégicos mais vulneráveis, começaremos a assistir ao mesmo que já vimos suceder noutras paragens (leia-se África, e a título de exemplo): o impor de quadros de liderança oriundos de lá, depois os quadros médios técnicos e executivos (em detrimento dos locais, isto é, dos nossos) dentro das empresas, e assim por diante, depois a pressão no sentido de impor alterações legislativas em diversos domínios, adequados aos seus interesses, planos e necessidades, depois o servilismo político que, se por enquanto ainda é discreto, tarde ou cedo andará a toque de clarim... Enfim... uma vez mais, nada que não pudéssemos ter previsto antes e tentado evitar...
Quanto à 'prospecção de petróleo', receio bem que venha a ser antes e prioritariamente a prospecção de outras matérias-primas hoje quase tão preciosas quanto o velho "ouro negro" — algo cuja produção mundial já é controlada em quase 98% por eles e da qual não abrirão mão por nada deste mundo (sobre o mesmo já escrevi há algo tempo no meu espaço), e a que aliás quase ninguém parece ter prestado atenção.
Em qualquer recurso, gostaria de deixar aqui uma ressalva, se me permite: nada tenho contra a prosperidade chinesa — já o escrevi antes e torno a dizê-lo: como amante do Oriente, este seu leitor não é, nem pouco mais ou menos um vulgar e primário sinófobo, bem pelo contrário, é, isso sim, um inveterado sinófilo, e ainda que dê a impressão oposta. É que o mal não está nessa China abstracta, idílica, distante e poética, que contemplamos em livros de viagens e em bonitos bilhetes postais. Está sim ness'outra, secretiva, oligárquica, predatória, implacável, sinistra, que tem hoje, e a Ocidente, a sua "finest hour". 'L'opportunité fut saisi'.
Só digo oxalá não seja tarde demais, oxalá eu esteja tremendamente enganado. Assim espero.»
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4 comments:
Excelente contributo o do teu leitor, Joana.
Bom Ano para o seu autor - e o mesmo para o Brumas e para ti.
Abraço grande
miguel(sp)
Obrigada, Miguel
O autor do texto deve estar a dormir agora, mas verá o teu comnetário.
Bom 2012 também para ti.
é muito certo este texto; só há um aspecto que não é focado - qualquer um que deixemos tomar conta do que devia ser nosso fará o mesmo, quer seja chinês ou alemão ou francês ou outro qualquer. Um país, para existir, tem de defender os seus interesses. Já o sabemos desde há uns 400 anos... mas agora parece que querem que o esqueçamos - não nos ocorra fazermos outra defenestração.
A China compra activos em Portugal
porque o Governo português os vende
Quanto ao espírito imperial de domínio,pois foi o Japão imperial que invadiu a China e ali praticou barbaridades sem nome.Os japoneses
que praticavam harakiri em nome do Imperador,pelos vistos,já se esqueceram das duas bombas atómcas
que os ianques lançaram em Hiroshima e Nagazaqui,pois agora são amigos dos USA e até consentem em seu território,Bases Militares
dos USA que abusa de tudo e de todos.
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