8.12.11

Quando eu perdi uma Nossa Senhora


Revejo a cena, algures não muito longe da praia da Polana, num pavilhão ao ar livre que servia de sala de aula ao que hoje seria a pré-primária, com um calor absolutamente abrasador de um Verão moçambicano.

Foi aí que tive o primeiro choque religioso de que guardo lembrança, quando percebi, já nem sei bem como, que só havia uma Nossa Senhora e não duas, tão diferentes que me habituara a vê-las! A da Conceição sempre me tinha parecido mais bonita e mais importante do que a outra porque tinha aos pés muitos anjinhos e não uns pobretanas de alpercatas, pairava nas nuvens e não em cima de uma árvore mais ou menos raquítica, marcava no calendário o dia da mãe (e a minha até se chamava Conceição…) e, sobretudo, dava direito a um dia com praia e sem escola.

Os anjinhos há muito que foram à vida (o meu filho já sempre os confundiu com a abelha maia…) mas parece que ainda não é desta que vamos perder o feriado. Lá chegaremos…
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7 comments:

Maria J Lourinho disse...

Quem disse que o feriado se vai finar? Na! que a Igreja não deixa. Fina-se só a Restauração que a Igreja não se importa.

maria disse...

:)

gostei muito. O feriado não sei. Mas que a nossa senhora se tornasse uma Maria como as outras, era o melhor que nos podia acontecer. Mesmo para quem já não vai em anjinhos.

Septuagenário disse...

Deus nosso senhor lá sabia o que era bom para as criancinhas.

E se fosse menino ainda tinha que ser do benfica.

Era a bida!

Helena Araújo disse...

O meu primeiro choque religioso foi com o sagrado coração de Jesus. Havia um quadro na casa da minha avó, uma coisa horrorosa: um Jesus loiro de olhos azuis virados ao céu e peito aberto, mostrando o coração trespassado de espadas.
Decidi logo ali que esse Jesus não tinha nada a ver com o meu.

Joana Lopes disse...

Pois, Helena, e havia também o coração de Maria, mas esse sempre me pareceu bijutaria, como aqui.

Anónimo disse...

Eu tinha uns 5,6,7 anos no máximo quando calhei a entrar na igreja da terrinha. E qual não é o meu espanto e sobretudo o... HORROR... quando me deparo com a imagem de S. Sebastião trespassado de flechas. Afligiu-me ver o sofrimento dum rapazito como eu assim em exibição, ao lado do resto da santalhada. Quis saber o que lhe tinha acontecido. Como estava uma vizinha minha por perto a ajudar o sacristão a preparar a igreja, perguntei-lhe. Não me lembra já a explicação que deu, mas na sequência, disse-me para ir ver a imagem de Santa Luzia que tinha os olhos numa bandeja depois de lhos terem arrancado. Fugi dali a sete pés. E depois disto, por muito que quisesse, nunca mais poderia, já nem digo ser crente, mas católico.

LV

Joana Lopes disse...

Realmente, LV, quando se lêem histórias dessas é que se realiza o que isso era / é para as pobres crianças...