@João Abel Manta
«A Europa vive uma crise profunda. A seu ver, o colapso é uma possibilidade?
No estado actual, é possível. Mas vamos sair desta situação de uma forma ou de outra. Irónico é a Alemanha poder voltar a dominar. É um passo atrás. Entre Agosto de 1914 e Maio de 1945, a Europa, de Madrid a Moscovo, de Copenhaga a Palermo, perdeu quase 80 milhões de pessoas em guerras, deportações e campos de extermínio, fome, bombardeamentos. O milagre está em que sobreviveu. Mas a sua ressurreição foi apenas parcial. A Europa está a passar por uma crise dramática; está a sacrificar uma geração, a dos seus jovens, que não acreditam no futuro. Quando eu era jovem, havia esperanças para todos os gostos: o comunismo, com certeza! O fascismo, que foi também uma esperança, não nos deixemos enganar. E, para os judeus, havia ainda o sionismo. Havia ideologias aos montes... Isso já não existe. Ora, quando a juventude não é tomada por uma esperança, mesmo que ilusória, o que resta? Nada. O grande sonho messiânico socialista conduziu aos gulags e ao socialista francês François Hollande – tomo-lhe aqui o nome como um símbolo, não estou a criticá-lo. O fascismo descambou no horror. O Estado de Israel tem imperativamente de sobreviver, mas o seu nacionalismo é uma tragédia, profundamente contrário ao génio judeu, que é cosmopolita. Pessoalmente, quero ser nómada. Vivo segundo a divisa do Baal Shem Tov, grande rabino do século XVIII: "A verdade está sempre no exílio."»
Entrevista: George Steiner, um certo conceito de conhecimento*****
«Se um génio do marketing tivesse como encomenda uma campanha a apelar ao suicídio colectivo, não conseguiria nada potencialmente mais eficaz do que aquilo que na última semana todos pudemos ler, ver e ouvir em todos os jornais, televisões, rádios e locais na Internet onde se debitam notícias e opiniões. Felizmente, quando apanhei os primeiros jornais do Novo Ano, confirmei não ter ocorrido um ataque de histeria generalizado e não estarem as ruas cheias de multidões de corpos sem vida por causa da gente que não quis esperar pelo apocalipse... Quão sensatas são as pessoas, graças a Deus!
O mecanismo que impulsiona esta ideologia da inevitabilidade, do conformismo, da aceitação determinista de um destino fatal, transversal, é uma arma paralisante. Como pode uma sociedade querer melhorar, como pode uma sociedade renovar-se, como pode uma sociedade curar as suas maleitas se, simplesmente, como um doente de cancro terminal vencido pelo cansaço, resigna à luta e aceita o fim que lhe traçam? A quem interessa essa desistência? Quem ganha com essa inércia? Ganha quem não quer mudar o statu quo actual, mesmo se for ele o causador principal da desgraça a que chegámos.»
Pedro Tadeu, A quem interessa que 2012 seja um ano difícil?*****
«Palavras não são capazes de expressar o significado do lançamento da Iniciativa para uma Auditoria Cidadã da Dívida de Portugal – IAC - realizado em Lisboa, Portugal, em 17 de Dezembro de 2011, que certamente entrará para a história do país. (…)
O grande destaque do evento foram as brilhantes apresentações de integrantes da IAC – cidadãos portugueses voluntários – que, antes mesmo do início dos trabalhos da comissão, demonstraram plena capacidade de dominar o tema do endividamento público, suas origens e impactos na vida de todos.»
Maria Lucia Fattorelli, Auditoria Cidadã da Dívida de Portugal.
1 comments:
Remando contra a maré... até que os ventos fiquem de feição. Obrigado por...remar
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