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Seminário internacionalPolítica, Linguagem e Revolta
20 e 21 de Janeiro de 2012
Teatro Maria Matos
Um pouco por todo o mundo, no último ano e meio, têm vindo a multiplicar-se as movimentações sociais e os conflitos políticos: manifestações, ocupações, motins, acampadas e revoluções, diversas nas suas motivações, formas e efeitos, tal como nas linguagens em que se produzem e exprimem. Não será certamente fácil descortinar um traço contínuo que percorra tamanha variedade. A primeira tentação é o recurso à «crise» como factor explicativo, uma certa ideia difusa de crise, imagem de um mundo que colapsa e se transfigura, mas um olhar mais próximo sobre cada um destes episódios facilmente descobre não uma mas sim múltiplas crises, inúmeros fragmentos de práticas sociais, de experiências políticas, de ideias e ideologias, que se afirmam e/ou rejeitam. Citando, inventando ou transformando conceitos, expressões e imagens com proveniências muito diversas, de antigas tradições populares a uma nova linguagem mediática e cibernética, de repertórios de contestação próprios dos movimentos sociais da modernidade aos termos dos mais recentes debates teóricos, os acontecimentos que hoje vivemos parecem dispensar uma espécie de metalinguagem que os descreva ou os interprete. É neste contexto que a Unipop e o Teatro Maria Matos organizam um seminário de debate sobre a relação entre a palavra e a política, tomando como ponto de partida a discussão sobre a natureza, os limites e as vantagens de uma das formas mais consagradas por que a palavra se faz política, a forma-manifesto, e como ponto de chegada os manifestos, discursos e palavras que têm sido elaborados nas revoltas e revoluções em curso. Para este efeito, reunimos um conjunto de activistas, militantes e teóricos de diferentes proveniências.
A participação no seminário é livre, mas pede-se aos interessados que efectuem uma inscrição prévia, enviando, até dia 18 de Janeiro, um e-mail com o nome para cursopcc@gmail.com.
Sexta-feira, 20 de Janeiro
18h – Apresentação do seminário, pela Unipop
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18h15 – Conversa: O que é um manifesto?
Em Império, obra já apelidada de «manifesto comunista para o século XXI», Antonio Negri e Michael Hardt, retomando a discussão de Louis Althusser sobre os pontos de contacto entre O Príncipe, de Maquiavel, e o Manifesto do Partido Comunista, de Marx e Engels, ensaiam uma definição da forma-manifesto: «Nos nossos dias, um manifesto, um discurso político, deveria aspirar a preencher (…) a função de um desejo imanente que organiza a multidão. Não há aqui, em última instância, nem determinismo nem utopia [como sucederia, respectivamente, com O Príncipe e com o Manifesto do Partido Comunista]: trata-se antes de um contrapoder radical, ontologicamente assente não em qualquer “vazio para o futuro”, mas na actividade real da multidão, sua criação, sua produção e seu poder». Nesta conversa com Antonio Negri pretende-se reflectir sobre o papel do manifesto e a sua relação com a prática política, designadamente à luz das características do ciclo de revoltas do último ano e meio, por ele saudadas como levantamentos insusceptíveis de produzir novas lideranças.
Antonio Negri, filósofo italiano. Autor, entre outros, de Império, Multidão e Commonwealth, com Michael Hardt.
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20h30 – Mesa de Comunicações: A política das palavras
A construção de alternativas políticas tem implicado tentativas de rejeitar, reivindicar ou ressignificar determinadas palavras, num jogo que tanto se trava a nível de conceitos monumentais, como por exemplo democracia, liberdade ou terrorismo, como a nível de expressões mais particulares, como por exemplo em «geração (à) rasca». Estas possibilidades políticas das palavras têm sido, todavia, confrontadas com outras alternativas que frequentemente se fundamentam na crítica ao imperialismo da palavra na política, o qual tornaria esta última a uma ordem emocional particularmente acalentada, por exemplo, em projectos populistas ou em acções directas.
Bruno Monteiro, sociólogo e investigador do Instituto de Sociologia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto.
Raúl Sánchez Cedillo, licenciado em Filosofia. Tem trabalhado, desde 2000, em projectos de autoeducação, em Madrid. Membro da Universidad Nómada.
Judith Revel, filósofa francesa. Tem trabalhado sobre o pensamento de Michel Foucault e publicado livros e artigos em torno da relação entre a filosofia da linguagem e a literatura nos anos 1950-60 e da passagem da biopolítica à subjectivação entre o final dos anos 1970 e o início dos anos 1980.
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Sábado, 21 de Janeiro
10h – Oficina: Para um Dicionário das Revoltas Actuais
Discussão a partir de um conjunto de manifestos, panfletos e textos reunidos num arquivo vivo do actual ciclo de revoltas e revoluções, procurando discernir pontos de contacto e de contraste entre as revoluções árabes, os protestos na Europa do Sul e nos Estados Unidos ou, ainda, os motins de Londres.
António Guerreiro, crítico no jornal Expresso, tradutor e ensaísta.
Tomás Herreros, professor de Ciência Política Universidade Aberta da Catalunha. Membro da Universidad Nómada.
Miguel Cardoso, doutorando em Literatura Inglesa em Birkbeck College, University of London. Membro da Unipop.
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11h45 – Mesa-redonda: O Movimento dos Indignados – Balanço e Perspectivas
Em Espanha, mas também em Portugal e um pouco por todo o mundo, de Israel aos Estados Unidos, os últimos meses viram emergir uma nova realidade no espaço político e social a que se tem chamado o movimento dos indignados. Este debate visa fazer um balanço dessa experiência e lançar perspectivas de futuro, reunindo-se para o efeito intervenientes nas lutas que têm decorrido em cidades ibéricas, do Porto a Barcelona, passando por Lisboa e Madrid.
Paulo Raposo, antropólogo, professor no Departamento de Antropologia do ISCTE.
Gui Castro Felga, arquitecta.
Javier Toret, investigador e esquizoanalista. Activista do movimento Democracia real ya!, em Barcelona e Membro da Universidad Nómada.
Ricardo Noronha, investigador do Instituto de História Contemporânea da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Membro da Unipop.
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