29.1.12

O país em saldos


O Público de hoje edita um vasto dossier subordinado ao tema «De corte em corte, à procura da competitividade, mas em risco de cair numa espiral», tema que também é abordado no Editorial (sem link) . Alguns excertos deste último:

«Se o túnel europeu é longo e sinuoso, o túnel português está às escuras. O optimismo do primeiro-ministro, que esta semana insistiu não precisar “nem de mais tempo nem de mais dinheiro” para tirar o país da crise, esbarra diariamente na realidade.

Do Nobel da Paz Muhammad Yunus em Davos, Mario Monti em Itália, Barack Obama nos EUA ou o círculo de proeminentes cavaquistas em Portugal, aumenta a passos rápidos o clube dos que defendem que a austeridade, sozinha, não é a solução para a crise; que o mundo não pode continuar obcecado com o défice, a cortar e a aplicar severos programas de austeridade; que este caminho vai levar a uma desestruturação da economia e a uma espiral económica negativa de efeitos imprevisíveis; que temos que começar a pensar a sério no crescimento, no investimento e na criação de emprego. Finalmente, este é o tema da próxima cimeira europeia, amanhã em Bruxelas.

Mas de Melgaço a Silves, o túnel está escuro. (…) Portugal está a poupar para ficar mais pobre. (…) Mais do que a desvalorização real do país, o que angustia são os sinais de que o túnel, em vez de ter no fim uma luz, ainda que ténue, tem um muro. (…)

Estamos num ciclo vicioso. O país está em saldos e a época da nova colecção foi adiada. Não sabemos por quantos anos.»
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1 comments:

Maria J Lourinho disse...

A mim, o que me espanta é que tantos "crânios" só agora percebam isso. Mas julgo perceber alguma coisa - antes de abrir a boca para dizer o óbvio, era preciso destruir o Estado Social e isso é trabalhinho quase pronto.