Mais um estudo, mais especialistas que «defendem que o Estado deve proibir que se fume dentro dos carros», para diminuir riscos de acidentes (porque fumar distrairia tanto como falar ao telemóvel...) e proteger as crianças do fumo passivo.
Quanto ao primeiro objectivo, tenho as maiores dúvidas: a carência de nicotina pode tornar-se muito obsessiva e desviar a atenção de todos os obstáculos.
Quanto à protecção do fumo passivo, já são muitos os que abrem a janela quando acendem o cigarro, escolhendo entre a constipação da criancinha de 5 anos e o remorso de contribuir para um eventual cancro aos 70.
Mas aquilo que não sei, e gostava mesmo de saber, é se aqueles que defendem este proibicionismo à outrance são, ou não, os «liberais» que consideram que os pais têm o direito de tudo decidir (até a escola privada que querem para os filhos e que o governo deveria pagar) e que repudiam a intervenção do Estado em (quase) todas as áreas da sociedade.
Seja como for, o que me parece é que, mais coisa menos coisa, devem estar dispostos a assinar este texto: «Acusai-nos de querer abolir a exploração das crianças por seus próprios pais? Confessamos este crime. Dizeis também que destruímos os vínculos mais íntimos, substituindo a educação doméstica pela educação social.»
P.S. – Claro que a imagem é uma provocação: cartazes antigos de propaganda a cigarros…
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7 comments:
Muito salutar. Entretanto esses paizinhos responsáveis devem continuar a levar as crias aos MacDonalds, empanturrando-as de gorduras saturadas para o enfarte aos 40. Força.
E que eu saiba não é o tabaco que torna tóxico o ar de certas grandes cidades, nem é proibido utilizar transportes colectivos não-ergonómicos, nem impostas à circulação da gente em geral e aos horários de trabalho, à repartição dos rendimentos e às condições de vida em geral, o pacote, relativamente simples e bem menos intrusivo, que sabemos.
É também curioso que este dever de ser saudável, este culto da saúde, se desenvolva ao mesmo ritmo que as políticas que visam tornar a mesma saúde um bem vendido no mercado, acessível a cada um na medida dos rendimentos de que dispõe. Mais um double bind - ou injunção contraditória - do "novo espírito" - será assim tão novo? - do capitalismo & Cia.
Bolas, que deixei acabar o cachimbo! O que vale é que penso que tu ou o LAM me darão lume…
miguel (sp)
Tabaco=Cancro/Doenças Coronárias/Doenças Pulmonares, Preservativos=VIH/SIDA/Sífilis/etc (a parte do VIH/SIDA sou eu a BRINCAR, pois já toda a gente sabe que nada tem a ver!)
Agora proibir fumar a conduzir para redução de acidentes...
Redução de acidentes... Não sabia que é assim que estes carolas acham que se reduzem acidentes com latas de ferro e aço e plástico que por aí andam a libertar gases tóxicos e partículas sólidas que nos arrebentam!
Tanta tecnologia que por aí anda a circular e ainda nenhum destes génios se lembrou de colocar em cada carro um limitador de velocidade controlado por Wi-Fi... Tão básico que até dói... Mas se não quiserem o Wi-Fi aproveitem o GPS... Assim, além de servir o propósito primário que é o de as autoridades saberem em tempo real por onde andamos, servirão para algo de verdadeiramente útil... reduzir acidentes por excesso de velocidade (senão a 1ª causa de acidentes é a 2ª!)
Mas não... estes génios da lâmpada fundida são deveras limitados... fruto provavelmente de uma má formatação cerebral na escolinha onde andaram!
Ah... convém deixar aqui escrito que não fumo... mas também estou-me nas tintas para quem fuma e onde fuma... Todos somos livres para fazer o que nos apetecer!
É engraçado pensar que uma das razões que levou à introdução e rápida difusão do tabaco nos hábitos dos europeus, foi a dos seus benefícios para a saúde.
Miguel Serras Pereira, nem mais, chega a dar vontade de rir tentar proteger as crianças do fumo dos cigarros enquanto se anda de automóvel...
e as criancinhas que começam a fumar aos 10 anos...eu sei, não o fazem no carro do papá.
Mudam os tempos, mudam as vontades mas, ultimamente as mudanças são no sentido de tirar liberdade ao individuo.
Já fumei e durante muitos anos, deixei de o fazer em 1994 -estava Cavaco no Poder, havia um concerto na zambujeira com Pedro Abrunhosa mas "o que hei-de fazer, talvez..."- mas recordo alguns episódios caricatos, como deixar cair cigarros entre as pernas e perder algum tempo e muita da concentração necessária à condução, para libertar-me do perigo de eventuais queimaduras...Portanto não me repugna essa proibição, para mim é mais uma questão de segurança que uma questão de saúde...E sendo assim.
Repugna-me sim a proibição de fumar na proximidade, ainda que exterior, das unidades da restauração, acho caricato e persecutório...
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