11.3.12

Os 11 de Março



Com toda a justiça, os jornais (e os murais do Facebook…) recordam hoje o primeiro aniversário de Fukushima e o oitavo do atentado na estação de Atocha.

Mas ainda não vi nenhuma referência ao «nosso» 11 de Março. Talvez porque, para grande parte da esquerda, é politicamente correcto tentar varrer a data para baixo do tapete, como se fosse possível ou desejável que a nossa democracia tivesse saltado do 25 de Abril de 74 para o 25 de Novembro de 75 apagando o PREC da história.

Quem tem idade para recordar lembrar-se-á dos ambientes absolutamente alucinantes em que tudo acontecia, sobretudo a partir de 14 de Março quando foi criado o Conselho da Revolução e se deu a nacionalização da Banca e dos Seguros. Mas talvez tenha esquecido algumas reacções, bem significativas e provavelmente úteis quando revisitadas a trinta e sete anos de distância, nesta fase do nosso «campeonato»:

«As nacionalizações são saudadas à esquerda e não são contrariadas à direita. O PPD apoio-as, aliás, embora previna que “substituir um capitalismo liberal por um capitalismo de Estado não resolve as contradições com que se debate hoje a sociedade portuguesa”.

Mário Soares mostra-se mais expansivo. Eufórico mesmo, considerando aquele “um dia histórico, em que o capitalismo se afundou”. Dirá, a propósito o líder socialista, num comício: “A nacionalização da banca, que por sua vez detém (…) a maior parte das acções das empresas portuguesas e, ao mesmo tempo, a fuga e prisão dos chefes das nove grandes famílias que dominavam Portugal, indicam de uma maneira muito clara que se está a caminho de se criar uma sociedade nova em Portugal”.» (*)

«Eles» ainda andam por aí. E, com eles, este país às cambalhotas…


 (*) Adelino Gomes e José Pedro Castanheira, Os dias loucos do PREC, p. 28. 
 .

3 comments:

voz a 0 db disse...

Olá!

Felizmente que existe Fukushima e Atocha... senão já viste o que não teríamos que aguentar!!!

Até era engraçado ver o que eles inventariam para não terem que falar no 11 de Março portuga!

Há que não RECORDAR as MANADAS do poder que elas têm... Há que mantê-las a PASTAR e a CONSUMIR...

E curiosamente, o que precisamos hoje, é quase 100% semelhante, ao que precisavamos então!

Mas as MANADAS andam a pastar...

folha seca disse...

Cara Joana Lopes
Mais uma vez faz juz ao nome do seu blogue.
De facto andamos um bocado esquecidos. Obrigado por lembrar.
Abraço
Rodrigo

Septuagenário disse...

De todos estes anos houve apenas um dia excepcional, 25 de Abril, todos os outro até hoje foi a nossa desgraça eterna.