26.4.12

A Fontinha, pela segunda vez, nas águas do mesmo Rio



No seguimento de uma grande concentração e desfile pelas ruas do Porto, a Escola da Pontinha foi ontem reocupada. Hoje, a polícia municipal e funcionários camarários regressaram ao local e emparedaram-no com tijolos.

Para além dos detalhes das duas operações, acessíveis na comunicação social: 

1 – O processo está longe de estar encerrado. Hoje terá lugar uma Assembleia, que decidirá as próximas etapas, e os apoios ao Projecto são demasiado sólidos para serem calados. 

2 – O braço de ferro que Rui Rio teima em manter pode sair-lhe caro, mas ele sabe muito bem o que está a fazer. Não tolera um projecto como este, porque: 

3 - «Campanhas como esta proliferarão nos próximos tempos, à medida que a crise se intensifique. E é também por isso que um projecto como o da Escola da Fontinha é tão importante. Porque se a Escola da Fontinha partilha com campanhas como o “Zero Desperdício” a ideia de que é necessário construir territórios e redes sociais autónomas do Estado e do mercado, distingue--se radicalmente pelo elemento político que a constitui: na Escola da Fontinha não se trata de ajudar a população empobrecida do bairro, mas de construir um projecto que se pretende baseado no exercício de uma democracia que determina o que se faz, como se faz, quem faz, num plano de igualdade entre tudo e todos os que participem no processo, sem hierarquias, sem líderes e sem cantautores que, por misericórdia, deixam os restos da sua refeição para os pobres.» 
Não o li em parte alguma, mas Rui Rio bate certamente palmas à campanha «Zero Desperdício». 

4 – Para além de toda a sua existência e de tudo o resto, a Fontinha é já um símbolo e uma bandeira. Não se matam símbolos nem se queimam bandeiras. Mil Fontinhas florirão. 
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2 comments:

Manuel Margarido disse...

Cara Joana,

Longe de mim não me alegrar com movimentos cívicos de cidadãos organizados em tornos de causas solidárias, socialmente úteis, diferentes da gestão do bem comum a que nos habituaram a generalidade do poder institucionalizado.

Porém, e sei do que falo, por testemunhos directos e diários de amigos do Porto, gente igualmente preocupada com o estado a que isto chegou, o movimento que ocupou a Fontinha estava muito longe de tais desígnios. Os meus amigos falaram-me, mesmo, de uma vivência delinquencial. E a história da ligação à população é isso mesmo: um a «história».

Termino: a comunicação social gosta de se colocar do lado do politicamente correcto. Mas vivemos num estado de direito, e, a Rui Rio, não lhe foram dado sequer meios para esclarecer a sua posição.

Socorreu-se da página da CMP.Agora diga-me: depois dos compromissos estabelecidos, era caso para ameaçarem o homem? E o que faria ele, perante as circunstâncias?

Aqui deixo o «outro lado». Tendo consciência de que não há bons e maus nesta história: mas também que não há um mau!

http://www.cm-porto.pt/gen.pl?p=stories&op=view&fokey=cmp.stories/18617

Abraço, obrigado pelo seu trabalho de cidadania.

Manuel

Joana Lopes disse...

Caro Manuel Margarido,
É a palavra de amigos seus, que talvez não conheçam pessoalmente nenhum dos activistas do projecto da Fontinha nem lá tenham posto os pés, contra a minha que tenho lá pessoas que conheço bem, que segui tudo em detalhe desde a primeira hora e que teria participado nas actividades, na medida das minhas possibilidades, se vivesse no Porto. Certamente que os seus amigos poderão dar-lhe um exemplo (nomes, factos, por favor…) da tal «vivência delinquencial» - se me fizer chegar, tentarei averiguar os fundamentos.
Obrigado pelo link para a CMP, mas claro que li o comunicado assim que saiu. No seu caso: tem acompanhado o blogue do projecto Es.Col.A? Espero que sim… Verá «a obra» do amigo dos seus amigos.
As autoridades deste país estão a tentar matar a generosidade dos jovens. Ontem, estive em troca de mails, até às tantas, com um desses «delinquentes», absolutamente de rastos pelo espectáculo de destruição em que a polícia municipal deixou ontem o local – onde entrou sem que ninguém oferecesse resistência porque estava vazio. É isso que os Ruis Rio deste país querem: mostrar força e poder e, a partir de agora, também violência.
Cumprimentos