3.5.12

Do rio Li ao Pingo doce



Nunca me passaria pela cabeça associar Guilin e o belíssimo rio Li a Alexandre dos Santos e à recente saga do Pingo Doce, até ler a crónica de Ferreira Fernandes de hoje, no DN.

Mas, tal como ele, nunca esqueci o terrível espectáculo que descreve e que eu também vi: a pesca nocturna com corvos-marinhos que são obrigados a mergulhar para apanharem peixes e que depois quase sufocam porque não conseguem engoli-los. Cada um deles é içado para a jangada onde lhe é retirado o peixe da goela, olha para o pescador, aliviado e agradecido, e recebe como recompensa um pedaço de pescado («uma promoção de 50 por cento», diz Ferreira Fernandes). É depois atirado de novo à água e a pesca recomeça.

Uma imagem que dificilmente deixarei de associar aos milhares e milhares de portugueses que, no passado dia 1, receberam a sua meia posta de pescada e que voltaram depois a mergulhar no dia-a-dia, mais ou menos estrangulados.

Regressando a Guilin, lembro-me do inevitável comentário que, como bons turistas, então fizemos perante a crueldade do espectáculo: «Só os chineses!» Engano nosso.

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1 comments:

mjm disse...

Ferreira Fernandes escreveu o melhor texto que li, relacionado com o Pingo Doce e também o mais "cru".