24.7.12

Do silêncio dos cobardes



Viriato Soromenho-Marques é um dos poucos cronistas da nossa imprensa, que continuo a ler com proveito e com prazer. No texto que hoje publica no Diário de Notícias, acerta em cheio ao apontar o dedo ao egoísmo reinante numa Europa que se esfarela e se degrada, a caminho de se transformar num puzzle impossível onde as peças deixam de encaixar umas nas outras. 

«A natureza das instituições avalia-se pela sua resiliência às crises. O carácter dos amigos mede-se pela sua capacidade de ficarem ao nosso lado, contra tudo e contra todos, nas horas de perigo e desgraça. O que está a suceder a Espanha, a mergulhar numa espiral de destruição, revela que a União Económica e Monetária, como está, se tornou uma sala de tortura, condenada a perecer, e que os Estados membros da União Europeia são governados por uma gente pequenina que não percebe que é preciso ajudar os nossos aliados para nos ajudarmos a nós próprios. (...)

Reina o silêncio dos cobardes na maioria das capitais europeias. O de Lisboa é inqualificável. Só Monti, que sabe ser a Itália o próximo alvo, expressa a sua inquietação em voz alta. Por este caminho, este será o último verão da Zona Euro. O último verão antes de uma nova, perigosa e incerta geografia política europeia, cujas dores de parto não pouparão ninguém.» 
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