A partir de hoje, a censura prévia está oficialmente abolida na Birmânia. Ou seja, os meios de comunicação social podem publicar o que entenderem sem que os seus textos passem primeiro pelo crivo do «lápis azul». A decisão precipitou-se depois de uma série de manifestações de jornalistas que reagiram contra a suspensão de dois semanários, no fim do mês passado.
Apesar de toda a evolução recente, concretizada num conjunto de medidas de liberalização (e na própria libertação da «senhora»), estranha-se esta mudança tão repentina num país considerado até há pouco como um dos piores do mundo em termos de liberdade de imprensa e de utilização de internet, mesmo o pior para a vida dos bloggers. (Aliás, quando lá estive há três anos, não consegui aceder a esta plataforma ─ o único sítio do mundo em que isso me aconteceu.)
Será que os ferozes militares que continuam no poder (sim, não houve nenhuma «revolução»...) vão permitir que as suas vidas, escandalosamente corruptas, sejam denunciadas a céu aberto? Que se escreva que é praticamente impossível, para um birmanês, obter um passaporte sem abrir a carteira e dar umas boas luvas ao funcionário que tem à sua frente? Irão os jornalistas dissertar sobre os misteriosos túneis de Nay Pyi Taw, a nova capital do país desde 2005, construídos com a ajuda da Coreia do Norte? O que pensa desta medida este «democrático» vizinho, e também a China e a Rússia, trio de que a Birmânia tanto depende?
Enfim... a seguir com atenção. É que, quando a esmola é grande, o pobre desconfia.
Fonte, entre outras.
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