O texto de Sandra Monteiro no último número de Le Monde Diplomatique (edição portuguesa).
«Depois das manifestações de 15 e 29 de Setembro, que reuniram nas ruas do país entre quinhentas mil e um milhão de pessoas, a crise em Portugal entrou numa nova fase. O povo regressou, disse basta. Doravante é muito improvável que os governantes – os nacionais e os externos – possam continuar a excluí-lo da equação. O papel que ao povo estava reservado era o de simples objecto das políticas, devendo suportar, com resignação expiatória e salvífica, todos os sacrifícios. Mas, perante mais uma escalada nos cortes austeritários que continuam a amputar as vidas dos trabalhadores, dos desempregados e dos pensionistas, em Setembro atingiu-se um ponto de saturação.
As mobilizações populares sinalizaram o estilhaçar da narrativa dominante associada à austeridade europeia: necessidade, inevitabilidade e eficácia. Foi preciso fazer alguma coisa de extraordinário, porque se deixou de acreditar que as medidas de austeridade fossem limitadas no tempo, ou que melhorassem as contas públicas, diminuíssem o desemprego, detivessem a espiral da dívida e colocassem o país numa rota de crescimento.
Nenhum desses objectivos era real, nunca foi. A austeridade não é um parêntesis findo o qual se vá regressar à realidade anterior (mesmo com todos os problemas que ela tinha, a começar pelas desigualdades). Os sacrifícios a que a esmagadora maioria da população está a ser sujeita não são úteis, pelo menos não para a própria população. Os beneficiários da austeridade são os detentores dos mais elevados rendimentos, os credores, os especuladores, os rentistas. Mais do que da crise do século, conviria falar do negócio do século. Um negócio que está a destruir as sociedades, as economias e a própria democracia.»
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1 comments:
esse texto tem muito palavreado e pouco sumo. Das duas uma : Ou falimos ou não.
Se não falimos teremos de nos sujeitar a uma troika , à alemanha, a quem nos empresta.
Isso implica austeridade .
Se mandamos os credores às urtigas, é a bancarrota e ficamos mais ou menos sós.
Nesse cenário só poderemos importar o que exportamos e haverá falta de tudo, inflação , fome e emigração em massa como aconteceu nos anos 60.
O terceiro cenário ( renegociação da divida) é o cenário um , " soft ". Continuamos sujeitos aos credores , se bem que com mais espaço para respirar.
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