Num mesmo dia, o de ontem, os três ex-presidentes da República eleitos em democracia pronunciaram-se, directa ou indirectamente, em registos diferentes mas todos especialmente preocupados e críticos, sobre o estado actual do país e da sua democracia. Goste-se, ou nem por isso, de todos ou de nenhum deles, trata-se de um facto importante pelo seu significado.
Ramalho Eanes deu uma entrevista à Rádio Renascença, Mário Soares publicou um extenso artigo no Diário de Notícias, Jorge Sampaio respondeu a perguntas de internautas, numa iniciativa de Le Monde.
Três citações que ilustram o tom e o estilo de cada um:
Ramalho Eanes: «O Estado não pode gastar muito menos do que aquilo que gasta, em áreas consideradas fundamentais num estado social.»
Mário Soares: «Quando os governantes manifestam medo do Povo - e fogem dele - algo vai muito mal. (...) É próprio de uma Ditadura.».
Jorge Sampaio: «Devo dizer que a austeridade pela austeridade, a austeridade excessiva, pode prejudicar terrivelmente a democracia. Porquê? Porque a democracia precisa de esperança. E se não se vê a luz ao fundo do túnel, a esperança vai-se.»
Ontem, o pior presidente português eleito em democracia, o actual, não disse nada. É verdade que já tem feito algumas declarações dispersas sobre excessos de austeridade. Mas ainda ecoam nas nossas cabeças os ecos do discurso inócuo, incolor e inodoro que fez no dia 5 de Outubro. Podia ter sido feito por algum dos seus três predecessores? Não creio.
.
3 comments:
Em nome da austeridade, para não acumularmos tantos presidentes, só devemos aceitar nas próximas presidênciais, candidatos com mais de 99 anos.
Devem ser eleito pela idade.
Se os ex-Presidentes continuam a falar assim, não tarda que tenhamos o AJS da redução-de-deputados a propôr mandatos presidenciais de 9 anos.
Grande avaria! Comparado com o tipo que uma minoria dos cidadãos (?) elegeu para a PR, quase qualquer um se distingue.
Enviar um comentário