10.10.12

Três ex-presidentes da República e um outro



Num mesmo dia, o de ontem, os três ex-presidentes da República eleitos em democracia pronunciaram-se, directa ou indirectamente, em registos diferentes mas todos especialmente preocupados e críticos, sobre o estado actual do país e da sua democracia. Goste-se, ou nem por isso, de todos ou de nenhum deles, trata-se de um facto importante pelo seu significado. 

Ramalho Eanes deu uma entrevista à Rádio Renascença, Mário Soares publicou um extenso artigo no Diário de Notícias, Jorge Sampaio respondeu a perguntas de internautas, numa iniciativa de Le Monde.

Três citações que ilustram o tom e o estilo de cada um: 

Ramalho Eanes: «O Estado não pode gastar muito menos do que aquilo que gasta, em áreas consideradas fundamentais num estado social.» 

Mário Soares: «Quando os governantes manifestam medo do Povo - e fogem dele - algo vai muito mal. (...) É próprio de uma Ditadura.». 

Jorge Sampaio: «Devo dizer que a austeridade pela austeridade, a austeridade excessiva, pode prejudicar terrivelmente a democracia. Porquê? Porque a democracia precisa de esperança. E se não se vê a luz ao fundo do túnel, a esperança vai-se.»

Ontem, o pior presidente português eleito em democracia, o actual, não disse nada. É verdade que já tem feito algumas declarações dispersas sobre excessos de austeridade. Mas ainda ecoam nas nossas cabeças os ecos do discurso inócuo, incolor e inodoro que fez no dia 5 de Outubro. Podia ter sido feito por algum dos seus três predecessores? Não creio. 
.

3 comments:

Septuagenário disse...

Em nome da austeridade, para não acumularmos tantos presidentes, só devemos aceitar nas próximas presidênciais, candidatos com mais de 99 anos.

Devem ser eleito pela idade.

vmsda disse...

Se os ex-Presidentes continuam a falar assim, não tarda que tenhamos o AJS da redução-de-deputados a propôr mandatos presidenciais de 9 anos.

cetautomatix disse...

Grande avaria! Comparado com o tipo que uma minoria dos cidadãos (?) elegeu para a PR, quase qualquer um se distingue.