Mesmo os neo-indignados como Bagão Félix, que partilham muitas das opções do modelo austeritário que este governo tenta concretizar obsessivamente, têm vendo a distanciar-se. Hoje, em entrevista ao Dinheiro Vivo, põe o dedo numa importante ferida:
«A ser verdade que são os técnicos da Troika que estão a ajudar nesta reforma sinto-me envergonhado, porque é certo que temos um memorando de entendimento assinado, metas a concretizar, estamos dependentes das instituições, mas não dos seus funcionários. Quem escrutinou esses funcionários que não conhecem o país? E agora vêm com regra e esquadro aplicar modelos sem conhecer o povo, o país, a sua história. Este tipo de análise exige conhecimento profundo enraizado na realidade portuguesa.» (O realce é meu.)
Nem mais.
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2 comments:
Joana, podem partilhar de um "modelo conservador" (se assim quisermos chamar) de sociedade e de estado, alguns até podem ter sido idiotas úteis na fase de emergência da atual governação, mas não partilham necessariamente do modelo deflacionista, austerista dos liberalo-cheviques e de alguns sectores da troika.
Isto já está no site resistir info há meses, ou seja, desde o dia 14 de Abril:
ONU desmente troika e retira credibilidade às suas exigências
O Report on the World Social Situation 2011, United Nations, New York, 2011 contraria totalmente as políticas da "troika". As afirmações do governo e seus apoiantes em defesa da austeridade, das alterações às leis laborais, dos cortes nos apoios sociais, são positivamente arrasadas, a sua vacuidade desmontada. Vale a pena, pois, recordar o que a ONU tem expressado, mas que no entanto tem sido convenientemente ignorado pela comunicação social controlada. Censura? Não, critério editorial…
Apesar da sua linguagem prudente, o relatório condena inequivocamente e por vezes de forma veemente todos os aspetos das políticas do FMI, a serem impostos por via da "troika" e que PSD, CDS e PS apresentam como "responsáveis" e "realistas", envolvidos na habitual litania das promessas sempre desmentidas. O Relatório, acaba por mostrar que as políticas que a esquerda consequente defende apelidadas, à falta de melhores argumentos, de "radicais", "irrealistas", "irresponsáveis", são de facto as políticas que um organismo da ONU defende e propõe como políticas social e economicamente eficazes, constituindo as verdadeiras soluções para resolver as situações criadas pela crise que avassala os países.
http://resistir.info/crise/onu_troika.html
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