O Conselho de Ministros poderá decidir hoje as privatizações da ANA e da TAP. Os signatários, economistas e professores de economia, vêm manifestar aqui três fortes razões para se oporem a ambas as privatizações.
Em primeiro lugar, trata-se de bens estratégicos para a economia portuguesa. A ANA e a TAP movimentam milhões de passageiros, assegurando ligações imprescindíveis dentro do nosso território, com comunidades emigrantes no estrangeiro e com diversas regiões do mundo. Estas empresas são cruciais para o maior sector exportador nacional, o turismo.
Perder capacidade de controlo deste sistema de acessos e exportações é um golpe na economia nacional. A garantia de que durante dez anos os compradores ficam obrigados a algumas regras contratuais é irrelevante: dentro de uma década a importância da economia do turismo e do transporte aéreo será tão determinante como hoje para o país, mas nessa altura já não haverá limites que impeçam estas empresas de adoptar as decisões que mais lhes convenham.
Em segundo lugar, existe também um interesse estratégico para a República. Ao abdicar do controlo destes ativos estratégicos, Portugal entrega o poder de monopólio sobre os transportes aéreos e os aeroportos a duas empresas estrangeiras, cujos interesses podem ser contrários aos do país. Para evitar esse risco, por exemplo na Alemanha os grandes aeroportos são públicos e, como acontece noutros países europeus, a companhia aérea de bandeira não é controlada por capitais estrangeiros. A perda do hub da TAP em Portugal, por exemplo, significaria um agravamento da dependência em relação ao exterior.
Em terceiro lugar, estas privatizações acentuam o défice e portanto a dívida pública futura. A TAP e a ANA geraram em 2011 meios financeiros da ordem dos 158 e 199 milhões de euros, antes de impostos e outros compromissos financeiros. No futuro poderão tornar-se francamente rentáveis. Estes meios financeiros serão perdidos pelo Estado. A gestão aeroportuária é uma atividade sem concorrência que permite ganhos substanciais: a ANA tem uma margem de 47%, sendo duvidoso que exista outro negócio como este em Portugal. E se a TAP não tivesse um forte ativo em aviões, em capacidades tecnológicas e em rotas lucrativas no Brasil, na Europa e em África, não teria comprador.
Porque é tempo de decisões difíceis, porque a crise financeira é grave, porque não podemos perder nem desperdiçar o que temos, porque um bom negócio para alguns não pode prejudicar o que é de todos, recusamos estas privatizações e apelamos energicamente à manutenção da TAP e da ANA como empresas públicas.
Assinaturas:
Adelino
Torres, professor ISEG
Alexandre
Abreu, investigador ISEG
Ana Costa,
investigadora CES e ISCTE-IUL
Ana
Margarida Fernandes, economista
Ana Sofia
Ferreira, economista
Américo
Mendes, professor Universidade Católica, Porto
António
Fernandes de Matos, professor Universidade da Beira Interior
António
Romão, professor ISEG
Berta Rato,
economista
Cândida
Ferreira, professora ISEG
Carlos
Bastien, professor ISEG
Cristina
Matos, professora Universidade do Minho
David Ávila,
economista
Eugénia
Pires, investigadora SOAS,Londres
Filipa
Subtil, socióloga professora Escola Superior de Comunicação Social
Filipe J.
Sousa, professor Universidade da Madeira
Francisco
Louçã, professor ISEG
Frederico
Pinheiro, jornalista económico
Helena
Lopes, professora ISCTE-IUL
Idílio
Freire, economista
Ilona
Kovacs, professora ISEG
Joana
Pereira Leite, professora ISEG
João Abel de
Freitas, economista
João
Ferreira do Amaral, professor ISEG
João
Estêvão, professor ISEG
João
Rodrigues, investigador CES, Universidade Coimbra
Jorge
Bateira, docente FEU Coimbra
José Castro
Caldas, investigador CES
Jose Maria
Brandão de Brito, professor ISEG
José Miguel
Gaspar, professor ESSEC
José Reis,
professor FEU Coimbra
Júlio
Marques Mota, professor FEU Coimbra
Luís
Francisco Carvalho, professor ISCTE-IUL
Nuno Ornelas
Martins, professor Universidade dos Açores
Manuel
Brandão Alves, professor ISEG, reformado
Manuel Branco,
professor Universidade de Évora
Manuel Ennes
Ferreira, professor ISEG
Manuela
Silva, professora ISEG
Margarida
Abreu, professora ISEG
Margarida
Antunes, professora FEU Coimbra
Margarida
Chagas Lopes, professora ISEG
Mariana
Mortágua, investigadora SOAS, Londres
Maria de
Fátima Ferreiro, professora ISCTE-IUL
Mario
Bairrada, professor ISEG
Mário
Olivares, professor ISEG
Nuno Costa,
economista
Nuno Teles,
investigador CES, Universidade Coimbra
Octávio
Teixeira, economista
Paulo
Coimbra, economista
Pedro Costa,
professor ISCTE-IUL
Ricardo
Cabral, professor Universidade da Madeira
Ricardo
Coelho, investigador Universidade Coimbra
Ricardo
Ferreira, economista
Ricardo Pais
Mamede, professor ISCTE-IUL
Rogério
Roque Amaro, professor ISCTE-IUL
Sandro Mendonça,
professor ISCTE-IUL
Sara Rocha,
economista
Vasco
Almeida, professor Instituto Superior Miguel Torga
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1 comments:
Temos a TAP connosco.
Uff! que alívio!
Ou antes pelo contrário?
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