É de bom tom dizer mal das crónicas de Vasco Pulido Valente, (e é verdade que ele se põe quase sempre a jeito...), mas a de hoje no, Público (sem link), tem algumas «pérolas»:
«O Presidente da República disse que a economia portuguesa estava em "espiral recessiva"; o primeiro-ministro disse que a economia não estava num "círculo vicioso"; e o Presidente da República repetiu que, sim senhor, a economia estava em "espiral recessiva". Claro que seria melhor se os dois cavalheiros se entendessem, pelo menos, na geometria: uma espiral não é um círculo e um círculo não é uma espiral. Os portugueses não deixariam de agradecer um esclarecimento sobre esse ponto básico. Nada ajuda mais do que saber ao certo se caímos dia a dia na miséria por causa de um círculo ou de uma espiral.» (...)
Os portugueses, quando não conseguem pagar as contas, pensam imediatamente em conquistar um império, de preferência o império que perderam. E, como são modestos, pensaram logo no Brasil. O nosso alto comando congeminou logo uma estratégia irresistível: importar para Portugal a ortografia brasileira. No momento em que os portugueses escrevessem (o pouco e mal que escrevem) sem consoantes mudas, o Brasil não podia deixar de se render, com uma saudade arrependida e desculpas rasteiras. Mas, como a humanidade é má, em particular no hemisfério sul, o Brasil terminantemente recusou o nosso audacioso "acordo ortográfico" e deixou Portugal sem consoantes mudas, pendurado numa fantasia ridícula e sem a menor ideia de como vai sair deste sarilho: um estado, de resto, habitual.»
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