Não sei em que estado de espírito estaria se fosse militante ou eleitora do PS. Mas, como cidadã, vejo os últimos dias, e a noite de ontem, como um espectáculo lamentável para a democracia: «entre uma farsa e uma comédia e, certamente para os apoiantes de António Costa, uma tragédia», como justamente lembrou João Pedro Henriques.
Os factos estão largamente noticiados. Antes do abraço entre Seguro e Costa, com que terá terminado a noite, o presidente da CML anunciou-se como candidato à autarquia e os seus próximos, agitadíssimos desde há alguns dias, deram-no como garantido adversário de Seguro para a liderança do partido.
Mas não: quando se julgava que a intenção era apear o actual secretário-geral por o considerarem incapaz de levar o PS a bom porto nesta fase crucial do país, afinal só pretendem que «ele una o partido», aceitando uma proposta-maravilha que Costa terá feito e cujo conteúdo exacto não foi revelado. Até ver: se não resultar, ele volta a atacar.
Mas não sei se, no fundo, o recuo de ontem não se deveu unicamente àquilo que se foi percebendo: tendo em conta os calendários, ao candidatar-se ao PS e à CML, António Costa corria o grande risco de perder ambas as batalhas. E agora? Com este adiamento, o risco foi diminuído? Talvez, mas de modo algum eliminado.
Jogos de sombra, de bastidores e de cintura, que o governo agradece e a campanha autárquica de Fernando Seara também e de que maneira: um adversário a prazo, com uma asa no ar para outros possíveis voos, é um presente dado em bandeja dourada!
(Fonte)
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