26.2.13

Itália: será que é desta que a Europa acorda?



Ainda a quente, e mais ou menos em estado de choque pelos resultados das eleições italianas, sem dúvida preocupantes, multiplicam-se as reacções.
Conforme a proveniência, elas acentuam a necessidade de aquele país manter a política de reformas para cumprir o seu «papel central para solucionar com êxito a crise europeia da dívida» (Berlim), lembram aos italianos que «A Itália não é a Grécia!» (também Berlim) ou, pelo contrário, vêem no que se passou a prova de que os europeus não concordam com «a política de cortes unilaterais, [com] o argumento político de que se deve cortar, e assim criar a confiança dos investidores e depois o crescimento económico imediato» (presidente do Parlamento Europeu).

Para além da especificidade do caso italiano, trata-se apenas de mais um país que, nos ú,ltimos anos, veio afirmar inequivocamente, nas urnas, que recusa a austeridade como ela está a ser imposta, sem fim á vista e com sacrifícios sem resultados credíveis. Monti, o senhor tecnocrata perfeito, delfim de Merkel, de Bruxelas e dos mercados foi varrido para um envergonhado quarto lugar e, em princípio, poderá regressar ao encanto e ao recolhimento do puro Excel.

Será que o abanão italiano pode ajudar a que se operem mudanças significativas ou vamos continuar mergulhados nesta crise dramática e autofágica da Europa? Para não alterar o que deve ser alterado, pretende-se mudar de povos? A realidade está a mostrar que se trata de uma tentativa sem grandes possibilidades de sucesso. 
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2 comments:

JOSÉ LUIZ FERREIRA disse...

Se não for desta, será da próxima. Ou da seguinte. No que eu não acredito é que os povos soberanos europeus acabem alguma vez por consentir neste círculo vicioso e letal da austeridade e da dívida.

Niet disse...

Justamente,JL. Sarmento,ao contrário do que parece pensar,é o cinismo e prepotência da economia politica alemã que estão a empurrar -na e para- a periferia - todos os maus e dantescos sintomas do populismo e da falsa soberania, num contexto continental onde o ludibrio da economia de mercado se tornou totalitário. Niet