Numa terça-feira de Março de 75, pelas 11:45, o RAL 1 (mais tarde conhecido por RALIS), foi bombardeado por aviões da Base Aérea nº 3 e cercado por paraquedistas de Tancos, no acto que concretizou uma tentativa de golpe de Estado, liderada por António de Spínola. O que se seguiu é conhecido e pode ser recordado.
Nesse dia teve início o PREC que viria a durar oito meses e meio – até ao 25 de Novembro.
Muitos (cada vez em maior número, provavelmente, à medida que os anos vão passando) gostariam de apagar da nossa história este período, preferiam que ela tivesse saltado directamente do 25 de Abril de 74 para o 25 de Novembro de 75. Azar: não conseguirão fazê-lo.
Quem já era adulto lembra-se certamente dos ambientes absolutamente alucinantes em que tudo o que se seguiu, sobretudo a partir de 14 de Março quando foi criado o Conselho da Revolução e se deu a nacionalização da Banca e da maior parte das companhias de Seguros.
Não se julgue que foi só a chamada extrema esquerda a aplaudir essas medidas e nem a direita as contrariou.
O PPD apoiou-as, embora prevenindo que «substituir um capitalismo liberal por um capitalismo de Estado não resolve as contradições com que se debate hoje a sociedade portuguesa».
Mário Soares mostrou-se eufórico, considerando tratar-se de «um dia histórico, em que o capitalismo se afundou». Disse num comício que «a nacionalização da banca, que por sua vez detém (…) a maior parte das acções das empresas portuguesas e, ao mesmo tempo, a fuga e prisão dos chefes das nove grandes famílias que dominavam Portugal, indicam de uma maneira muito clara que se está a caminho de se criar uma sociedade nova em Portugal» (*)
As imagens ajudam a reavivar a memória:
Continuação aqui e aqui.
E julgo que esses patetas, que hoje gabam a Grândola ou tentam em vão cantarolá-la, nem sequer conhecem esta, também do Zeca, que celebra a data de hoje:
(*) Fonte: Adelino Gomes e José Pedro Castanheira, Os dias loucos do PREC, p. 28.
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