«Vamos substituindo a degradação das contas públicas de um Estado laxista por um Estado fantasma e impotente. O Estado é a raiz do mal, pois matemos o Estado. E com quê? Com mais Estado cobrador, num totalitarismo atípico deslizante. (...)
Neste cenário, além da dita ida aos mercados, ainda assim financiada a juros predadores, os únicos pilares financiadores do Estado são afinal o habitual grupo de pessoas, cada vez mais afunilado. Efeito de boomerang da austeridade sem metas de reorganização de um Estado, de uma justiça e de uma máquina administrativa que funcionem. Situações desta natureza pulverizam todas as funções de autoridade, equidade, segurança jurídica, proteção da sociedade e respeito pelos valores sociais e económicos. (...)
Sem reformas administrativas efetivas, sem qualificação da função pública, sem respeito pelas funções públicas substantivas, sem estímulos, sem Estado com função resta-nos o medo, a perigosa anemia da autoridade com a paralisia dos serviços administrativos públicos. Um Estado sem função pendurado na guilhotina do défice? (...)
Despojos de um Estado velho e apodrecido incapaz de se proteger da tempestade e de construir um novo com a ajuda dos seus melhores. Um Estado que morreu.»
Maria José Morgado
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3 comments:
Estou a lembrar-me do tempo em que se dizia que a União Soviética não tinha desemprego porque tinha subemprego.
Nos temos desemprego, subemprego e subsidio-emprego.
Querem ver que o Gaspar nos está a levar para «os amanhãs que cantam» e nós não entendemos a bondade do saber?
"O pior cego é aquele que não quer ver". E neste contexto ou é por estupidez (teimosia é aqui a mesma coisa) ou é por desonestidade (seja ela material ou ideológica).
Não posso aceitar que o Estado Morreu! Não posso aceitar que uma nação com 900 anos e com as fronteiras mais velhas da Europa, tenha morrido. Não posso aceitar que um País que foi o primeiro a abolir a escravatura e a pena de morte, e seja um dos pioneiros no casamento sem diferenças possa morrer ás mãos da incompetência e da corrupção. Quero deixar um País aos meus filhos. Compreendo que se sinta bastante impotente e até desanimada, Dr.ª .... MAS TEMOS QUE CONTINUAR E NÃO PODEMOS DISISTIR!
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