«Não é o país que está ingovernável, é o Governo. A intervenção de Portas de ontem desmente qualquer desmentido: naquela casa não manda ninguém porque aquela não é uma casa, é um quarteirão de arquitecturas inconciliáveis. Vai Passos agora demarcar-se de quem lhe liquidou três tabus? Portas pediu renegociação com a troika, pediu mais tempo, pediu para o Governo ter voz na Europa em vez de ser a voz da Europa. Gaspar, para cuja saída já estão a fazer o estrugido, está só. Até Passos, seu protector, se libertou da sua dependência intelectual ao aninhar noutra, a de Poiares Maduro. Não há convivência no Governo, quanto mais consenso fora dele. Esse é um problema de Passos, que ou o resolve ou é resolvido por ele.
É por isso que pode ser tarde de mais. Não há disponibilidade social de quem já deu tudo e não percebe se foi para nada. Não há estabilidade política de quem é incapaz de explicar o quê e o porquê das vagas de austeridade, sucessivas e contraditórias. Este não é um programa pós-troika, é um programa pós-fracasso. (...)
Os portugueses merecem flexibilização da troika e o Governo, se conseguir cortar despesa no Estado e souber o para quê e não apenas o quanto, também. Porque isto está a correr mal de mais. Não é à troika - é a nós, Portugal. Tirem-nos daqui. Não é a nós: é a eles.»
Pedro Santos Guerreiro
(O link pode só funcionar mais tarde.)
.
0 comments:
Enviar um comentário